Contação de Histórias em Itu

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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Principe Adil e os leões

Essa história fala do medo, próprio e inerente em nós seres humanos. Ela é repleta de elementos cênicos e muito interessante para trabalhar em oficinas.Minha última oficina em junho, ministrada no grupo TUMM em Mococa, trabalhamos com ela.

Príncipe Adil e os Leões

Havia um rei muito poderoso que se chamava Azad. Ele tinha um único filho, o príncipe Adil, que tinha acabado de completar 18 anos. Logo depois de seu aniversário o rei mandou chamá-lo à sua presença, para que lhe fosse anunciada uma notícia muito importante.
Quando chegou á sala do trono, o grão-vizir lhe disse que sempre havia sido costume na sua família, que o herdeiro do trono, ao fazer dezoito anos, deveria passar por um teste, para provar que poderia ser um bom governante.
O príncipe seguiu seu pai e o grão-vizir até uma cova, que ficava numa rocha distante do palácio. Nele havia uma porta com uma grade. O príncipe olhou através da grade e viu lá dentro, ao fundo, um enorme leão.
Ao vê-lo o animal levantou-se e soltou um rugido de fazer estremecer as paredes. No chão da caverna havia uma quantidade enorme de ossos.
- O que significa isso?- perguntou Adil com muito medo.
-Sua prova é enfrentar esse leão, disse o rei, como todos os seus antepassados fizeram antes de você, para serem dignos de herdar o trono.
O príncipe empalideceu e mal conseguiu falar:
- Enfrentar esse monstro? Como poderei fazer isso? O máximo que consegui até hoje foi matar um antílope não muito grande. Eu tenho certeza que um leão deste tamanho e com toda essa força é um desafio maior que eu, disse o príncipe quase sem voz
- Não se preocupe, disse o grão-vizir. Você não precisa fazer isso agora. Um dia você poderá enfrentá-lo, quando estiver pronto, não há pressa.
Em seguida surgiu um escravo que jogou um naco de carne para o leão, que o devorou imediatamente.
Depois disso Adil já não era mais o mesmo, ainda que seu pai não tocasse no assunto da prova e o tratasse com a consideração de sempre, ele não conseguia parar de pensar no assunto e não tinha mais alegria de viver. Pensava dia e noite na tarefa que tinha que cumprir e achava que tinha que realizá-la o mais rápido possível.
Até que ele não agüentou mais tamanha ansiedade: numa noite, depois de virar e revirar-se na cama, sem conseguir dormir, ele se levantou, vestiu-se , encheu uma bolsa com muitas moedas de ouro e foi até o estábulo. Acordou seu fiel escudeiro e pediu-lhe que selasse o seu melhor cavalo e que avisasse o rei seu pai, que ele havia partido para uma longa viagem.
Depois ele seguiu pela noite enluarada, atrás de uma solução para seu terrível problema. O príncipe nunca havia saído de seu reino e , à medida que se afastava dele, por estradas desconhecidas, foi encontrando lugares que nunca imaginou que existissem.
Ao amanhecer, chegou a uma paisagem muito bela, onde havia um rio e prados verdejantes às suas margens. Enquanto seu cavalo bebia água, o príncipe começou a ouvir um doce som de flautas, que eram tocadas por pastores enquanto cuidavam de seus rebanhos. Adil perguntou a um deles onde poderia passar aquela noite e foi levado ao dono daquelas terras conhecida como a Terra dos tocadores de flautas celestiais.
Harum era seu nome e ele morava numa bela casa muito espaçosa e agradável.
Recebeu o príncipe com grande hospitalidade e foi logo perguntando:
- De onde você vem , meu rapaz?
Adil respondeu com evasivas, dizendo que estava buscando solução para uma questão pessoal e por isso tinha viajado, mas não queria falar no assunto.
Harum disse que ele poderia ficar em sua casa quanto tempo fosse necessário e que ali se sentisse à vontade.
Aquele espaço, a casa, os campos ao redor eram tão agradáveis que o príncipe pensou que poderia passar um bom tempo por ali.
Todos os dias ele passeava pelos arredores descobrindo lugares encantadores e ouvindo o som das flautas dos pastores.
Numa noite quando já havia se recolhido ao seu quarto, o príncipe ouviu rugidos de leões, não longe da casa. Na manhã seguinte, apavorado, perguntou a Harun se por acaso havia algum tipo de leão naquela região.
-Ah sim, respondeu ele calmamente. Este lugar está infestado de leões. Eles saem das suas tocas a noite pra caçar, como você ainda não os tinha notado? Por isso mandei construir esse muro enorme em volta da casa, para proteger a minha família dessas feras. Harun dizia isso dando risadas, como se isso fosse divertido.

Imediatamente, com muito medo o príncipe preparou seu cavalo para partir. Despediu-se de Harun agradecendo e saiu galopando pelo caminho, o mais rápido que podia
Depois de um bom tempo de viagem, chegou a um deserto que não parecia ter fim. Arbustos baixos e secos apareciam de vez em quando, em meio a um vento fustigante que levantava uma poeira insuportável. Adil sabia que precisava logo encontrar água para ele e seu cavalo, pois não sobreviveriam muito tempo àquelas aguras. Ele fez uma prece , pedindo para que pudesse chegar a um oásis.
Como resposta a sua oração, ele viu ao longe no horizonte um acampamento beduíno de tendas negras. Os guerreiros se aproximaram e o saudaram gritando “Asalaamawaliekum”!

Adil foi levado por eles até o sheik, que o recebeu calorosamente, dizendo-lhe que sentia honrado em recebê-lo e que ele poderia ficar ali quanto tempo desejasse.
O chefe guerreiro ofereceu-lhe uma suculenta refeição de carneiro cozido, arroz com especiarias, figos e tâmaras muito doces. Enquanto conversavam o sheik perguntou-lhe qual o motivo de sua viagem.
_Só posso dizer que deixei a minha casa par resolver um problema pessoal, para poder pensar melhor até perceber que está na hora de voltar.
O sheik sorriu e lhe disse olhando-o com seus olhos penetrantes:
- É o tempo que nos dá todas as respostas, se tivermos paciência.
Os dias foram passando e o príncipe estava muito feliz. Achou que poderia ficar ali para sempre.
Um dia, depois de um bom tempo entre os beduínos, o velho sheik lhe falou:
- Meu filho, somos guerreiros e temos que lutar com outras tribos. É preciso ser muito valente para viver entre nós. Gostamos de você e apreciamos a sua companhia. Se quiser permanecer conosco, no entanto gostaríamos de submetê-lo a um teste em que nos mostrasse a sua capacidade guerreira. Está vendo aquelas montanhas no horizonte? Pois lá existem muitos leões. Basta que você mate um deles e traga-nos a sua pele, para que seja imediatamente aceito como um dos nossos.
Adil pôs-se a tremer de pavor e deu uma desculpa ao sheik, falando que tinha que partir com a máxima urgência.
Enquanto abandonava o acampamento, ele disse para si mesmo.
Meu Deus, não consigo entender por que encontro leões em qualquer lugar para onde vou. Pois deixei o palácio do meu pai para evitá-los.

Viajou por muito tempo pela noite cheia de estrelas. De manhã chegou a uma bela região onde as flores cresciam à beira da estrada, por toda a parte.
Ao longe avistou um magnífico palácio, o mais belo que ele já havia visto. Era feito de uma pedra rosada, com colunas de lápis-azúli e balcões de madeira esculpida e pintada de várias cores. Havia fontes nos jardins à sua volta, pássaro de todas as cores, imponentes pavilhões em que se sentia o delicioso perfume de jasmins e rosas.
- Esse lugar parece um paraíso na terra!- disse Adil para si mesmo enquanto se aproximava do palácio.
Chegando aos portões, o príncipe foi conduzido pelos guardas a um suntuoso quarto de hóspedes, onde servos gentis o esperavam com um banho aromático e roupas novas sobre a cama.
Mais tarde foi levado até o Rei, um nobre homem barbudo que perguntou-lhe porque estava viajando.
- Minha situação é muito delicada, tanto que não gostaria de falar dela- respondeu o príncipe um tanto constrangido. Eu deixei meu país com um problema que preciso resolver. Eu entendo disse o rei respeitosamente.
Nesse momento uma porta se abriu e dela surgiu a mais bela jovem que o príncipe já havia visto. Era a princesa Peri Zade, filha do rei, que tinha lindo olhos amendoados e um cabelo negro como a cauda de um pássaro. Adil ficou completamente encantado por ela.

Depois da refeição o rei convidou Adil para percorrer toda extensão do palácio. Tudo naquele lugar era lindo e feito com tanta arte e bom gosto que parecia obra de mãos celestiais.
Admirando aquele esplendor a sua volta o príncipe achou que pudesse viver ali para o resto de sua vida.
Muitos dias se passaram. A princesa Peri Zade dedicava-se a mostrar para Adil os jardins em várias horas diferentes. Um dia ao entardecer ele a ouvia cantar e tocar alaúde quando escutou um som que o deixou paralisado.
- Que ruído foi esse? Ele perguntou interrompendo a música?
_ Foi ali perto daqueles arbustos, parecia um rugido de um leão.
Ela sorriu e lhe disse:
- Ora é só Rustum, nosso guardião, como o chamamos. É nosso animal de estimação. A essa hora ele vigia nossos jardins e a noite ele dorme na porta do meu quarto.
- Desse momento em diante o príncipe não teve mais sossego e no jantar quase não tocou na comida. Quando subiu as escadas, acompanhado pelo Rei, levou um enorme susto com o leão parado à porta do seu quarto.
- Pode-se sentir honrado- disse o rei-, Rustum está tomando conta da de seu quarto. Ele não faz isso com muita gente, pode ficar tranquilo que ele é manso.
- Pois estou com medo dele assim mesmo, respondeu Adil envergonhado.
Entrou no quarto rapidamente e é claro, não conseguiu dormir a noite inteira.
Pela manha começou a pensar em voltar para casa já que havia tantos leões no seu caminho. Seria melhor acabar com esse sofrimento, enfrentar o leão em vez de ficar fugindo a vida toda.
Decidido foi falar com o Rei e lhe disse:
-Peço permissão para voltar e cuidar do meu problema à minha maneira, só assim voltarei a estar em paz comigo mesmo. Tenho agido como covarde, e quero deixar de fazê-lo pela honra de meu pai. Sou filho do rei Azad e fugi do dever que todos os homens da minha família devem realizar.
Agora sinto vergonha e sei que nunca poderei pedir a mão da princesa Peri Zade enquanto não lutar com o leão naquela cova.
- Muito bem falado meu filho, disse o rei. Desde o primeiro momento eu soube quem você era, pois você se parece muito o seu pai quando jovem. Sempre respeitei e admirei o Rei Azad. Vá lute com o leão que eu lhe darei a minha filha em casamento.
O príncipe montou no seu cavalo e galopou de volta para casa pelo mesmo caminho. Quando passou pelo acampamento beduíno o sheik lhe disse:
-Que bom vê-lo príncipe Adil, fui amigo de seu pai quando éramos jovens, eu logo soube quem você era pela enorme semelhança entre vocês. Aliás, e´ muito maior agora do que no dia em que você chegou aqui.
Adil contou o porque estava voltando para casa e o sheik ficou satisfeito.
Logo que chegou na terra dos tocadores de flauta celestiais, encontrou Harum e saudou-o dizendo:
- Quando cheguei aqui pela primeira vez, eu me comportei como um covarde. Agora estou pronto para lutar e fazer o que os meus antepassados fizeram, seja qual for o resultado.
- Muito bem disse o velho homem- Seu pai e eu fomos companheiros quando tínhamos sua idade. Eu sempre soube quem você era e sendo filho dele na hora certa resolveria o seu problema.
Chegando em seu palácio Adil pediu ao seu pai e ao grão vizir que o acompanhasse até a cova do leão, o velho rei o abraçou e o três seguiram para a caverna.
Com uma espada na mão e uma adaga na cintura o príncipe abriu a porta gradeada e entrou, corajosamente. O leão estava lá no fundo e assim que o viu levantou a cabeça e andou na sua direção. Adil foi ao seu encontro e quando tocou na espada para apunhalá-lo ele simplesmente começou a esfregar a cabeça contra o seu joelho, lambendo suas botas.
- O que significa isso? Perguntou Adil
- Como você pode ver ele não faz mal a ninguém- disse o grão vizir. Seu teste era enfrentá-lo sem medo e isso você já fez e agora é digno de ser nosso futuro rei.
Adil mal pode acreditar naquilo, quando voltou ao palácio o leão o seguiu andando ao seu lado.

Todo o reino comemorou a notícia do sucesso do príncipe.
Quando Adil reveleou a seu pai o amor que sentia pela princesa Peri Zade o rei mandou buscá-la.
Depois de um tempo, que pareceu uma eternidade para Adil, a princesa chegou em seu cavalo branco , com uma magnífica comitiva, todos vestidos ricamente para a festa de casamento.
Durante sete dias e sete noites as pessoas comemoraram o casamento de Adil e Peri Zade.
Eles foram muito felizes, Adil tornou-se rei, e no chão do quarto em que costumava estudar ele mandou escrever com letras de ouro: Nunca fuja do leão

terça-feira, 22 de junho de 2010

A vida prega umas peças que agente não imagina.
Quando penso que tudo vai bem, que materialmente estarei, pelo menos por um tempo, tranqüila, o mundo financeiro se desestrutura e aí a coisa pega e desaba sobre a minha cabeça milhões de pensamentos negativos. Tento não me desequilibrar, para tanto oro de manhã, de tarde e de noite. Respiro fundo e com um apagador imaginário vou dissolvendo os pensamentos ruins. Dali a pouco de novo, as questões pendentes não saem da cabeça! Falo comigo mesmo: Será que estou no caminho certo? Será que esse excesso de trabalho não é suficiente? Penso ainda: Acho que dessa vez vou precisar de ajuda , penso nos meus irmãos, penso no ex marido, nas amigas abastadas, mas não tenho coragem de pedir socorro. Choro e a mente atrapalhada se compadece dela mesma, é péssimo! Auto piedade, também não quero. Penso no meu pai, peço que ele lá do céu, onde tenho absoluta certeza que ele está, me mande uma luz. Ele que sempre estava pronto pra ajudar, que nunca deixou de ter aquela reserva de grana providencial e era totalmente generoso, faz uma falta tremenda. Pensando bem, meu pai e minha mãe, que foram e ainda são o meu porto seguro, minha âncora, ainda vivem em meus pensamentos. Essa referência de bondade, generosidade e desprendimento nunca se separarão de mim. Eles poderiam viver eternamente e seriam assim: bons, dignos e generosos. Meu pai era absolutamente correto, era mineiro, desses tradicionais, que foi criado em colégio interno, e viveu a infância e a juventude estudando longe de sua família e nem por isso se tornou problemático ou carente. Quando eu já era adulta, casada e depois separada, batíamos longos papos onde falávamos sobre qualquer assunto. Apesar da idade avançada e da criação severa ele era “prafrentex”, como diziam. Ele morreu aos 91, há cinco anos, quase cego e quase gagá. Meu pai e minha mãe, mulher forte e moderna, foram referencia para muitos, e eu trago comigo seu modelo de vida.
Mas voltando ao assunto grana, eu sonhei com eles e no sonho eu estava numa roubada, com problemas no carro em outra cidade, quando surgiram os dois para me salvar. Foi como se uma energia calma e serena viesse me dizer pra não ligar, para não me preocupar que tudo se resolveria como num passe de mágica. Esse sonho foi meu bálsamo, foi como se um unguento milagroso curasse uma queimadura profunda. Acordei, e me convenci de que não iria ligar para o problema. Cheguei à conclusão de que essas vaidades mundanas, grana principalmente, são coisas, e coisas não são realmente o mais importante e com tranquilidade e confiança tudo se resolve, basta ter um pouco de calma. Segui o meu dia sem nem pensar no problema financeiro que foi milagrosamente resolvido. Será que os dois lá do céu conspiraram ao meu favor?

quarta-feira, 19 de maio de 2010

As coisas que me irritam

No budismo dizem que não vale à pena se irritar e muito menos reclamar. Mas eu me irrito, tento me manter tranqüila algumas vezes, mas acho que isso é coisa de monge, ainda não cheguei lá. Pia suja, cheia de coisas me irrita, e ainda eu odeio lavar louça! Os zens dizem que é um bom momento para meditar, estar ali e não pensar em mais nada, só naquilo. Gente é impossível, barrrrrrrrr.
A Fernada Yang me irrita profundamente, aquele jeitinho dela irritante, uiiiiiii . E o Faustão, nossa sra dos bons ouvidos!, ele fere os meus tímpanos e me irrita como ninguém .O Jornal Nacional então, nem me fale, além de me irritar me dá pânico. Parei de assinar o jornal impresso, por conta da entrega, que aqui na chácara era péssima, ora entregavam ora não. Então achei que podia assistir ao Jornal Nacional para ficar informada, saber afinal o que estava acontecendo. Comecei a ficar apavorada, literalmente com medo do mundo e das pessoas. Será que não existe notícia boa???? Que mundo é esse? Passei a assistir o Jornal da Cultura e pude relaxar e observar que na TV também tem boas notícias e boas informações, e que o mundo não está totalmente perdido, alívio.
O silêncio alheio me irrita. Sabe quando alguém, muito próximo a você, está com um problema sério, mas não diz absolutamente nada? Isso me deixa irritadíssima. Caramba, quero saber e tentar ajudar, quero que a pessoa converse para que ela mesma consiga melhorar e digerir essa “coisa estranha” dentro dela. Mas as pessoas muitas vezes são túmulos impenetráveis. Que irritante, eu aqui prontinha para oferecer meu ombro ou uma palavrinha de consolo, um carinho, qualquer coisa. Como não consigo fazer nada, me irrito! Fico tentando carinhosamente tirar um pouco, que possa me sinalizar algo, mas nada! Pois bem, as pessoas são diferentes, se comportam diferentemente umas das outras, e vamos considerar, é bom é humano e não faz mal nenhum algumas serem fechadas nos seus mundos, mas conviver com isso me irrita.
Os homens são diferentes, quando estão chateados muitas vezes entram em suas caverninhas impenetráveis e nós mulheres, que na maioria das vezes escancaramos os nossos sentimentos, ficamos irritadas com o silêncio deles. Acho que é assim mesmo, mas devo confessar que adoraria acordar num belo dia e à partir daí, nada mais me irritasse. Eu seria mil vezes mais feliz. Um dia chego lá e aí serei monja ou anjo

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Polivalência

Na tentativa de dar conta de tudo, acordei às 5 da matina.
Igualzinho me foi ensinado, sentei-me confortavelmente, com as pernas cruzadas, a mão esquerda pousada delicadamente acima da mão direita, e os dedos polegares se tocando levemente. Consegui alguns minutos de meditação, fiquei atenta à respiração nasal, aos barulhos externos, ao ambiente e aos sons. Ôba , se isso é meditar eu consegui! ( eu sou ansiosa e meditar melhora muito a ansiedade, até os médicos mais céticos estão indicando). Mas definitivamente não dá pra ficar por muito tempo em estado meditativo, os pensamento relacionados aos afazeres do dia, involuntariamente tomaram conta da minha cabeça e puf, a meditação fugiu pra dar lugar aos pensamentos práticos, as responsabilidades . Preciso acabar o jornal da Cooperativa, pensei. E lá fui eu correr contra o tempo para entregar no prazo estabelecido, o jornal mensal que faço para a cooperativa de leite da região de Mococa. Faço esse trabalho na minha casa, onde eu também cuido do jardim, que é imenso, lavo e passo roupas, cozinho às vezes, e arrumo a minha bagunça e do meu filho mais novo. Pela tarde dedico meu tempo ao trabalho no clube, onde presto uma assessoria de comunicação e marketing. Lá fazemos uma revista eu e meu companheiro de trabalho Flávio. Ainda faço captação de patrocínio, o endomarketing e também produção e divulgação de eventos na mídia, além de alimentar o site do clube com algumas notícias.
Uma vez por semana pela manhã, estou trabalhando com idosos em uma clínica particular. Para eles eu conto histórias, converso e tento arrancar as histórias da vida deles, o que não é fácil, já que a maioria dos moradores do lugar está bastante debilitada. Depois que comecei esse trabalho torço todos os dias para ter uma boa morte, daquelas vapt vupt, onde não se fica debilitado ou encarcerado numa cama ou cadeiras de rodas absolutamente dependente. Apesar de eles serem uns fôfos e de me inspirarem amor e compaixão é realmente, muito, muito triste!
Agora para engrossar a renda mensal estou me metendo em um novo e promissor negócio. Vendo canoplas de papelão reciclado para fábricas de piscinas de fibra. Muito engraçado porque muitas vezes tenho que viajar de caminhão, ora pra buscar os tubos que eu compro em outra cidade de uns catadores de lixo- todos velhinhos também- ora pra entregar para as fábricas. Outro dia, aproveitei um frete que ia vazio para Artur Nogueira buscar uns moldes de caixa d’água, e como tenho um cliente lá aproveitei o custo zero para levar minhas canoplas. Entreguei a minha mercadoria e tive que esperar quase que o dia inteiro o caminhão ser carregado com os moldes. Na volta, já na estrada, a carga começou a cair. Tivemos que parar no acostamento, estávamos só eu e o motorista quando me vi, ajudando-o a arrumar a carga. Tive que me expor para os outros carros que passavam na rodovia, já que a minha função era puxar a corda enquanto o motorista arrumava aqueles moldes enormes em cima do caminha. Foi hilário, os caminhoneiros que passavam buzinavam, gritavam e eu de bermuda, com as pernocas expostas, puxando aquela corda, fazendo uma força descomunal.
Agora vou resmungar um pouco: penso que é demais, é muita coisa pra uma pessoa só. Questiono-me se estou maluca e o pior, se estou fazendo as coisas direito, se não estou acumulando muitas funções e no final fazendo tudo errado! Gostaria de ter mais tempo para meditar, de ter mais tempo para cuidar das plantas e de mim mesma, ir ao cabeleireiro, fazer as unhas, essas coisas que toda mulher faz e que faz um bem doido. Ah e ainda ter tempo para olhar ao meu redor, como diz uma amiga, “Você não tem namorado porque não olha ao seu redor”. Mas não tenho muito tempo pra olhar ao redor, o pouco tempo que resta é para assistir um bom filme ler um bom livro, escrever aqui e conversar , que eu adoro, com os amigos queridos. Será que ser polivalente é um grande erro? Acho que não, porque é uma questão de sobrevivência. Mas mesmo sabendo que preciso sobreviver com dignidade, com alguns luxos talvez, às vezes me pego pensando, será que estou fazendo tudo errado?????

quinta-feira, 29 de abril de 2010

" Papai do céu me dá um namorado, lindo, fiel gentil e tarado" Rita Lee

Já tem um tempão que não me relaciono com alguém, tipo ter um namorado, um parceiro. Estou aqui tentando lembrar quanto tempo faz, mas sei lá, faz tempo. Às vezes as sombras das relações passadas, algumas meio mal resolvidas, me perseguem e isso me incomodado bastante. Será que é por isso que não aparece ninguém? Já fiz um pouco de tudo, já pedi perdão a mim mesmo, pelas minhas palavras, minhas atitudes desesperadas, minha insanidade. Faz tempo como eu já disse, é tudo meio nebuloso, mas acho que eu poderia ter sido mais civilizada, menos agressiva ao final da minha ultima relação duradoura.
Gostaria imensamente de ter tido uma postura indefectível, mas sou humana e pisei no tomate, perdi a compostura, xinguei a pessoa, fiquei inconformada!
Seria ótimo ser essa mulher forte, descolada e esperta que todos acham que sou e que com certeza minha imagem passa, mas não sou definitivamente. Sofro choro me descabelo com o amor não correspondido, com o fim de uma relação, que eu, acreditava que seria eterna. Acho que sou romântica.
Acho bem bom quando me torno amiga do ex. Quando isso acontece com a pessoa com quem tive uma relação de amor e doação no passado, tudo fica mais fácil de ser compreendido e digerido. A amizade de certa forma dissipa as más impressões e ajuda na compreensão da relação e de eu mesma. Mas essa amizade precisa de tempo. Acontece comigo apenas quando a dor passa, aí vem uma certa maturidade, uma compreensão providencial, que não tenho quando termino um casamento, ou um namoro. Não sou amiga do meu ultimo ex. Será que é por isso que nada acontece ?
Será que estou espantando os possíveis candidatos, com essa questão meio pendente? Ou eles não existem mesmo? Acho que para todos os solteiros a vida não anda fácil, as pessoas estão cada vez mais egoístas e centradas em si mesmas, cheias de vaidades, bem chatas!
Às vezes penso, para ver se não desanimo de vez, no que dizia minha mãe “ Há sempre uma tampa pra uma panela velha”, kkkkk.
Ultimamente o que tem me incomodado é uma certa falta de poesia, de romantismo. Mas, ao mesmo tempo, penso que isso tem que passar,sou um pouco otimista comigo mesma. Olhando a minha volta, percebo que homens e mulheres não querem se relacionar na verdade, querem prazer aqui e agora, e isso é tão ínfimo, tão vazio. Não sei, penso que as relações atuais estão mesmo muito materializadas, os homens querem bunda, peito, corpão e a mulherada quer grana. Oro para que meus filhos sejam diferentes.
Então para me transformar em um objeto de prazer alheio são dois segundos. Homens para “ dar uma” não é difícil achar. Prefiro estar atenta e me conter, se não a cabeça depois tende a padecer. Tenho tentado me manter equilibrada apesar de alguns deslizes.
Contrária às estatísticas, prefiro acreditar que existam pessoas reais, que pensam e agem em parte com o coração. Pensando bem acredito que o universo tem me protegido, me poupando de relações indesejadas.
E apesar de sonhar com cara ideal, bacana, de cabeça boa, generoso e gostoso, que nunca vem, tento diariamente seguir minha vida com alegria e serenidade, cercada pelos meus filhos, meus amigos, meus livros e plantas que no final me fazem extremamente feliz.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Filhos

De repente acordo, do nada, no meio da madrugada. Aí a cabeça voa para Dublin, para Presidente Prudente e para a madrugada fria de Mococa. São os filhos que não saem do pensamento, são eles que preenchem o silencio e me deixam com a cabeça ocupada às 3 da manhã.
Ser mãe é isso. Antes de tudo, de tudo mesmo, ser mãe para mim é estar ligada aos rebentos.
Dizem por aí que sou mãe liberal, que deixo meus filhos à vontade, que não proíbo nada, que entrego na mão de um adolescente de 17 anos o carro para que ele possa sair, com a namorada à noite, sem que eu não tenha que ir, na madrugada, buscá-lo em alguma balada.
Sou mesmo liberal e luto diariamente para não ser hipócrita, para ter uma relação de extrema sinceridade com meus filhos. Acho que mentira, falso moralismo, não educa. Vejo isso nas relações mãe e filhos com freqüência. As mães, com medo de mostrar seus sentimentos, experiências e vivências se escondem, utilizando-se de máscaras, quem elas realmente são. As mães hoje, cinquentonas, foram adolescentes nos anos 70 e 80 quando a liberdade sexual e as drogas eram uma maneira de quebrar as regras. E quebrávamos mesmo. Tivemos vários parceiros sexuais, fumávamos muita maconha experimentamos as drogas e seus efeitos, para, de certa forma, mudar os conceitos. Mas a maioria esconde isso dos seus filhos, por medo ou mesmo preconceito da sua própria vivencia. Eu não. Eu falo, converso, exponho o meu ponto de vista em relação a isso tudo e acho que consigo mostrar o quanto atualmente drogas e sexo sem amor, não levam a absolutamente nada! É perder tempo, é, no caso das drogas, financiar a violência. Não consigo conceber, por isso falo, falo, falo!
Às vezes me pego questionando essa minha maneira de me relacionar com os filhos, mas pensando bem acho que está dando certo. Tenho acesso livre a eles, existe, principalmente com os dois mais velhos, uma de 23 e o outro de 21, uma conversa franca e bastante interessante. É claro que deve rolar uma mentirinha aqui e outra ali, por parte deles, mas quem é que nunca mentiu pra mãe para protegê-la?
Sei lá, mas essa coisa eterna de ser mãe é bastante complexa. Por exemplo, quando eu estou namorando, acontece sempre um ciúme , um pré-julgamento, uma crítica ou uma implicanciazinha em relação ao namorado, normal. Mas sinto que minha vida nesse aspecto não me pertence, é engraçado. Preciso de uma aprovação deles para namorar, só assim me sinto bem.
Amor de mãe é indescritível, é infinitamente incondicional. Imaginem ser avó, que loucura, vejo por aí as avós abestalhadas com os netos, uma relação de extrema paixão, deve ser emocionante.
Tenho muito orgulho dos meus filhos e quero que eles, mesmo com o mundo de ponta cabeça, mesmo com as tragédias todas acontecendo em nossa volta, sejam felizes, verdadeiros e pessoas do bem.

domingo, 28 de março de 2010

O perdão é um dom ou um atributo que desenvolvemos com sabedoria ao longo dos anos?
O que é o perdão? Nascemos imbuídos dele ou o desenvolvemos com a maturidade?
Para perdoar os cristãos, budistas e todos os espiritualistas dizem que é preciso amar. Mas que tipo de amor nos leva a perdoar? Experimento sempre aquele amor que começa dentro da gente. Quando odiamos, este sentimento nocivo mora dentro de nós, antes mesmo de ser por alguém. E para não odiar, haja amor e desprendimento... Como é difícil o tal amor incondicional, amar-se e amar o próximo incondicionalmente! Que exercício complicado para nós humanos egoístas. Tenho pensado nas pessoas que não conseguem perdoar, tenho pensado na ignorância como instrumento que gera raiva, brigas e desentendimentos. Não quero sentir mágoa e nem quero ter dentro de mim sentimentos ruins. Exercito diariamente o perdão, tento, para perdoar, entender as pessoas, me colocar em seus lugares, no lugar dos que definitivamente não têm consciência das suas limitações, às vezes é incompreensível, mas juro que me esforço!
As relações interpessoais são complicadas em todos os níveis e graus, se desejarmos conviver de uma jeito saudável, teremos que mudar o modo como encaramos nossos parceiros, amigos, irmãos, namorados ou maridos.
Pensando aqui com as teclas do computador, acho mesmo que pra se ter uma boa relação com pessoas e principalmente ser casado, morar junto, é preciso amar incondicionalmente, sem cobrança sem exigências ou expectativas. Numa relação é preciso que o tal amor, que envolve cumplicidade, admiração, amizade, atração e mais um bando de coisas, seja respeitoso. Para que a pessoa amada não seja cobrada de nada, o amor tem que ser mesmo incondicional. Acho que só sendo incondicional ele é verdadeiro. Aí é que reside a dificuldade. Se a pessoa é SEU namorado, SEU marido, como é que ele pode agir de uma maneira da qual você desaprova, ou acha por fora, sem sentido?
Nós, seres humanos estrategistas loucos, vivemos construindo ilhas de amor em nossa cabeça. As relações com pessoas saem, antes de tudo, de nossas imaginações. Construímos uma tela mental na qual arquitetamos a relação. E aí pronto!, nada dá realmente certo, ninguém é como imaginamos, ninguém é como planejamos, somos egoístas a esse ponto. Queremos sempre que o outro haja dentro dos nossos parâmetros, do quê é certo para nós. A história do perdão entra aí, esquecer completamente e sinceramente das ofensas. Isso vem do fundo do coração é verdadeiro e generoso e é o puro amor. Nas relações ficamos ruminando os insultos e desigualdades, esperamos a todo o momento que o outro exista da maneira que nós achamos que ele deveria existir e não da maneira que ele é realmente. Esse amor é egoísta, e definitivamente, para mim não funciona, é nocivo. “Quero um amor maior”. Será que ele existe, será que ele é humano ou só é reservado aos santos?
OG

sábado, 27 de março de 2010

Tentativa

É tarde
e a noite rola
Penso pós
amor tenso
Agora lá fora
Dispenso a dor
o Luto
E absoluta vivo o momento
OG
Nada lhe posso dar que não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar, a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.
(Hermann Hesse)

sexta-feira, 26 de março de 2010

Cultura em mococa, será que agora vai?
Fiquei super feliz com a recém inaugurada Casa de Cultura de Mococa "Rogério Cardoso".
O prédio, que abrigava antigamente a Escola Industrial, é magnifico e está totalmente restaurado. Ufa!, que alívio, cheguei a pensar muitas vezes que aquele patrimônio seria demolido, como tantos outros históricos da cidade. Voltando à Casa de Cultura, quando entrei, senti o clima de arte, de movimento cultural de uma boa energia fluindo por áli. Espera-se que o Departamento de Cultura realmente faça por merecer aquele espaço. A cidade está carente de arte e cultura há alguns anos. Foram muitos acontecimentos, o fechamento e a apropriação da camara dos vereadores pelo prédio que abrigava o Museu de Artes Plásticas. As obras, ficaram guardadas em lugares inapropriados por vários anos a mercê do tempo e sem nenhum cuidado específico.Temos ali preciosidades como Tarcila do Amaral, Bruno Giorge,Antonio Peticov e muitos outros . O Teatro Municipal ficou fechado, por sei lá quanto tempo. O teatro,que também é uma jóia da aqrquitetura da época do café, recebeu inúmeras peças famosas e até mesmo um grande festival de dança, onde participavam grupos como O Corpo de BH, ficou lá abandonado, criando musgos e cupins. O museu de Arte Sacra perdeu espaço para a igreja que tomou de volta o único prédio tombado pelo patrimônio histórico da cidade. Complicado entender...
Com a nova administração, novas caras e novos corações, é possível que possamos recuperar o tempo perdido e trazer para a cidade um pouco de cultura de qualidade, que nós privilegiados tivemos quando adolescentes. Vamos cruzar os dedos e torcer pela volta de movimentos Culturais em mococa.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Aí vai uma história que adoro contar. Ela é de autor desconhecido e faz parte da tradição oral do nordeste.

O PACTO COM O DIABO

A história que eu vou contar, aconteceu há muito tempo, mas muito, muito tempo mesmo, época em que seus avós ainda não haviam nascido.


Havia um homem, que era muito pobre, pobre até não poder mais mas muito pobre mesmo. Morava em uma casinha bem simplisinha, quase caindo estava a casa que mais parecia uma tapera.
Todas as manhãs, sua mulher dizia:
:- Óia oia véio eu não agüento mais essa vida de pobre, essas crianças chorando de fome e gritando que querem comer qualquer coisa, mesmo que seja um pedaço de pão duro.
E O velho respondia:- Quem não agüenta mais essa vida sou eu, você reclamando e gritando na minha cabeça como se eu fosse o culpado desta miséria, qualquer dia destes, saio andando pelo meio do mundo para ver se no meio do caminho eu encontro com o diabo, para fazer um pacto com ele.
Outro dia, outra manhã e a mulher de novo reclamando da miséria e da fome, dizendo que as crianças estavam chorando com a barriga vazia. O pior era que o casal tinha cinco filhos para criar e a mulher ainda estava grávida do sexto filho.
Não agüentando mais as reclamações, o veio arrumou sua trouxa, jogou no ombro e saiu de casa, foi andando pelo meio do mundo. Andou andaou, mas andou pra valer, até que um dia ele foi parar numa estrada comprida. Lá longe vindo em sua direção, ele avistou a poeira subindo na estrada de terra e apertou a vista para conseguir enxergar. Quando foi se aproximando, ele viu que era um homem forte , com uma capona vermelha, com cabelos compridos e pretos, tinha os olhos muito vermelhos a cara feia e os dentes todos de ouro montado em cima de um cavalo marrom, bonito!!!. E aquele homem perguntou para o veio: - Onde é que você está indo companheiro?
O veio respondeu:- Por aí, andando pelo mundo, para ver se eu encontro com o diabo.
-O que é que você quer com o diabo? Perguntou o homem em cima do cavalo.
- Eu quero fazer um trato com ele- respondeu o velho.
-Pois já encontrou, falou o homem em cima do cavalo. -Eu sou o Diabo e trato é comigo mesmo, fala aí!
-Eu queria ter muito dinheiro para nunca mais ouvir falar em miséria, fome e falta de comida. Então diabo, continuou o velho, você me dá o dinheiro e eu lhe dou minha vida aos sessenta anos, no dia do meu aniversário, você vem e me leva deste mundo.
-Tá tratado, falou o Diabo, mexeu com seu garfo de três dentes e logo apareceu um saco cheio de moedas de ouro e de prata.
O velho pegou o saco cheio de dinheiro e voltou para casa. Comprou muitas terras, gados, galinhas e porcos. Montou um bom mercado na vila e naquela casa ninguém nunca mais ouviu falar em miséria ou falta de dinheiro.
Os meninos foram crescendo, engordando e tudo era uma maravilha.
Só que ele não contou para ninguém, ninguém mesmo, seu pacto com o diabo.
O tempo passou, passou. Certa manhã a mulher levantou, olhou para o velho, ele tava estranho, meio triste lá deitado na cama, desanimado!!!.
Então ela perguntou: -O que é que você tem veio?
-Nada não, mulher, to só um pouco cansado.
-O que é que você tem, insistiu a mulher, eu nunca vi você assim deste jeito, alguma coisa aconteceu, ainda mais que hoje é o dia do seu aniversário.
-Já falei que não tenho nada não,não se avexe mulher, vê se não perturba!
Mas a mulher tanto insistiu, tanto insistiu,(vocês já viram mulher quando quer saber de alguma coisa né, não dá sossego) ,que o veio acabou contando seu pacto com o diabo.
A mulher falou: - Deixa o diabo comigo, que eu dou um jeito nele rapidinho.
O velho ficou pensando o que a mulher poderia fazer contra o diabo, impossível....
Quando foi lá pelo meio-dia, o sol bem no meio do céu, bateram na porta, toc, toc, toc!!!
A mulher atendeu, era um homem forte, grande, com os dentes todos cheios de ouro e uma capona vermelha jogada nas costas, aqueles olhos vermelhos e aquela cara feia.Humm ela arrepiou ,mas perguntou:

-O que você quer?
O homem respondeu: - Quero falar com o seu marido, ele está? Eu vim para levá-lo deste mundo. Fiz um pacto com ele há alguns anos, hoje é o aniversário dele, ele está fazendo 60 anos e eu vim buscá-lo.
-Ahff!!!, exclamou a mulher, e continuou falando - Se você levar ele deste mundo, tem que levar eu também, nesse mundo eu não vivo sem meu marido e nem ele vive sem eu no outro mundo, se você levar meu marido deste mundo tem que levar eu também, falou a mulher.
O diabo, com um jeito nada amigável, respondeu: -E o que eu tenho de ver com isso, eu fiz um trato com seu marido e cumpri com a minha parte, ele que cumpra com a sua agora, eu vou levá-lo deste mundo de qualquer jeito.
A mulher, olhou bem para o diabo e arriscou: -Faz um trato comigo também.
E o diabo disse: -Tudo bem, trato é comigo mesmo! Quem é que pode com o diabo, nem a mulher! E batendo no peito bem forte completou: -Pacto é comigo mesmo, fala aí qual é o pacto que eu já aceitei.
-Eu vou te dar três coisas para você pegar, falou a mulher, -se você pegar as três coisas, leva eu e o meu marido deste mundo, mas se você deixar de pegar uma das coisas, deixa eu e o meu marido neste mundo, tá bom?
-Tudo bem, respondeu o diabo,-manda aí!
A mulher enfiou a mão no bolso do avental, encheu com uns alfinetes e jogou para o alto. O diabo pegou todos, não deixou cair nenhum alfinete no chão.
Ela saiu correndo foi lá no fogão à lenha, encheu uma pá de cinzas e jogou para o alto, o diabo, danado como ele só, pegou tudo, não deixou cair nehuma poerinha no chão.
A mulher, quase desmaiou de tanta raiva. Eita que diabo esperto. Como ela ia se virar agora, o que ela podia dar para o diabo pegar.? Então ela pensou, pensou, pensou mais ainda e começou a espremer o corpo, foi levantando a perna e soltou um PUUMM, bem alto e bem comprido, olhou para o diabo e perguntou: -Tu pegou?
O diabo olhou para um lado, olhou para o outro lado, e falou: - Num vi nem a cor.!!!! -Então vá se embora que eu ganhei o trato, sorrindo e chorando ao mesmo tempo, gritou a mulher.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Às vezes não sei o que faço com a minha solidão. É engraçado que quando os meninos eram pequenos, eu sonhava com um tempo só meu, onde eu pudesse ler ou ouvir música, pintar ou jardinar, sem que ninguém chamasse: - MAMÃHEEEEEEEEEEEEE!
E hoje, mesmo com o tempo escasso, às vezes me perco com o nada pra fazer. É sexta feira a tarde e acabou. Será que acabou mesmo? Será que só eu, mesmo com um montão de coisas pra fazer, ainda tenho tempo livre?
Presto serviço para duas empresas e agora estou me metendo em um novo empreendimento. Mas pensando bem, todos os trabalhos foram finalizados, a unha está feita, a casa arrumada (faltam umas flores no vaso), e a geladeira está abastecida. O que fazer agora? Estou lendo a biografia do John Lennon que tem 800 páginas , mas o calor está insuportável, e gosto de ler a noite. Acho que para esses momentos eu inventei essa história de blog!
Sei que existe a tal da síndrome do ninho vazio, o que ainda não aconteceu comigo totalmente já que o filho mais novo ainda mora por aqui. Mas desde pequena estou acostumada com muita gente a minha volta. Na casa dos meus pais éramos seis irmãos e a porta permanecia sempre aberta para amigos e agregados, e como era super bem localizada, no centro da cidade, quem passava por lá entrava para tomar um café ou um suco. Todos os amigos faziam daquele casarão um QG, era gente entrando e saindo a toda hora, até em plena madrugada. É que meus pais adoravam um baralho e, toda semana, a partir de quarta feira, tínhamos jogatina madrugada adentro.
Acho que sinto falta é dessa gentarada ao meu redor. Além dos irmãos foram nascendo os sobrinhos, uns 14 , que não moram por aqui. Meus filhos sempre trazem amigos, mas estou desfalcada, um mora longe pra caramba, em Presidente Prudente e a mais velha está na Irlanda. ELES FAZEM UMA ENORME FALTA, SAUDADES SEM FIM.Sinto falta dos meus step filhos, que fui “adotando” e que fazem a diferença. Tem os amigos do filho mais novo que vêm de vez em quando, mas eu quero o Zé Garib, a Larissa o Sorriso e tantos outros que preenchem esse meu vazio com conversas adoráveis. Quero minhas amigas queridas da época de Campinas da Unicamp, do grupo de arte Nós no Espaço e do Corallatex. Quero o impossível!
Fui criada no meio de muita conversa, gosto de falar, de bater papo, na adolescência eu não lia nada, lembro-me do meu pai dizendo:- Olguinha vá ler um livro, é importante para o seu crescimento intelectual.
Mas eu não lia, só revistas, amava a Revista Pop.O que eu mais fazia era conversar com os adultos, adorava ficar ouvindo a prosa alheia, acho que isso de certa forma me encantava. Vivo falando pros meus filhos que perdi um tempão, devia ter lido mais e agora não dá tempo de ler tudo o que eu quero. Hoje devoro um pouco de tudo, romance, poesia, biografia, alguns clássicos e muitas histórias. Mas confesso que sinto a maior falta de gente, de conversar. Devia ter feito psicologia, rsrsrs.
Detesto a solidão. Almoçar sozinha então é o oh! Inventamos uns almoços coletivos, que está dando super certo. Na terça almoço da casa da comadre, que prepara pratos vegetarianos como ninguém. Na quinta o almoço é aqui em casa e capricho bastante no menu. Ah que delícia ter a mesa cheia de gente, aquele monte de comida, sobremesa, café e uma boa conversa pra finalizar. Ainda bem que tenho bons amigos que recheiam de certa forma a minha solidão. Agora tem também o blog que me ocupa!
Já são 17:20, refrescou e vou aguar o jardim...

quarta-feira, 3 de março de 2010

A princesa da água da vida

Era uma vez, quando não havia tempo, no País do Lugar Nenhum, uma pobre jovem chamada Raida, que vivia solitária em uma pequena cabana. Como não havia dinehiro, nem comida e nem nada, ela vivia do que encontrasse pelo caminho.

Um dia, caminhando pelo bosque, Raida viu que um enxame de abelhas havia abandonado sua colméia, e decidiu recolher o mel.

"Levarei este mel ao mercado e o venderei. Com o dinheiro que conseguir procurarei melhorar minha vida", disse para si mesma.

Raida correu para casa e voltou com um pote, enchendo-o de mel. Ela não sabia, no entanto que a causa de sua pobreza era um gênio maléfico que tentava por todos os meios impedir que ela tivesse êxito em qualquer coisa.

O gênio acordou quando alguma coisa lhe disse que Raida estava começando a fazer algo de útil. Ele correu ao lugar onde ela se encontrava com a intenção de causar-lhe problemas. Logo que viu Raida com o mel, o gênio se transformou em um galho de árvore e empurrou seu braço, de maneira que o pote caiu e se quebrou, entornando todo o mel. O gênio, ainda sob a forma de um galho, ria-se com satisfação, balançando-se de um lado para o outro.

"Isto a deixará furiosa!", disse para si mesmo.

Mas ela apenas contemplou o mel e pensou:

" Não importa, as formigas vão comer o mel, e talvez algo surja disso".

Raida tinha visto uma fileira de formigas cujas exploradoras já estavam experimentando o mel para ver se lhes seria útil. Quando começou a atravessar a floresta, no caminho de volta para sua cabana, Raida notou que um cavaleiro estava vindo em sua direção.

Quando estava apenas há alguns metros dela, o homem levantou o chicote displicentemente e, ao passar, bateu num galho. Raida viu que era uma árvore de amoras, e o golpe tinha feito com que as frutas maduras caíssem no chão. Ela pensou:

"Boa idéia! Recolherei as amoras e as levarei ao mercado para vendê-las. Talvez algo surja disso!".

O gênio a viu juntando as frutas e riu- se por dentro. Quando ela terminou de encher seu cesto ele se transformou em um burro e a seguiu silenciosamente pelo caminho que levava ao mercado.

Quando Raida se sentou para descansar, o gênio sob a forma de burro aproximou-se, esfregando o focinho em seu braço. Raida bateu- lhe no focinho, e então de repente a horrível criatura se jogou sobre o cesto de amoras, esmagando-as completamente. O suco espalhou- se pelo caminho, e o falso burro afastou- se galopando alegremente entre os arbustos.

Raida olhou então para as frutas com desânimo. Nesse momento, no entanto, a rainha, em uma linda carruagem, estava passando por ali, a caminho da capital e pode presenciar o que acontecera com Raida.

"Parem a carruagem imediatamente!", ordenou aos guardas que a acompanhavam. "Essa jovem perdeu tudo, seu burro esmagou as frutas e fugiu. Ela estará perdida senão ajudarmos."

Assim foi que a rainha convidou Raida a subir na carruagem, e rapidamente se tornaram amigas. A jovem possuia um encanto, era ponderada, educada e bondosa. A rainha levou-a ao palácio e como Raida era extremamente carinhosa, logo conquistou a sua confiança. Raida ganhou da rainha uma casa, e logo ela se converteu em uma próspera comerciante, por seus próprios méritos.

Quando o gênio viu como as coisas estavam indo bem para Raida, deu uma boa examinada na casa para ver o que poderia fazer para arruiná-la. Ele percebeu que todas as mercadorias eram guardadas em um grande cômodo, que se queimaria até os alicerces em menos tempo do que se leva para contar. E assim foi feito, o genio ateou fogo na loja de Raida.

Ela saiu da casa correndo quando sentiu o cheiro da fumaça. O fogo rapidamente tomou conta de tudo e Raida contemplou as ruínas com pesar. Então percebeu que uma fila de pequenas formigas estavam se formando. Elas carregavam grão a grão a sua reserva de milho, que estivera embaixo da casa, para outro local de maior segurança. Para ajudá-las, Raida ergueu uma grande pedra que cobria o formigueiro, e debaixo dela brotou uma fonte de água. Enquanto Raida a experimentava, as pessoas da cidade iam se juntando á sua volta, exclamando:

_A água da Vida! Isto é o que foi profetizado, que um dia, depois de um incêndio e de muitos desastres, uma fonte seria encontrada por uma jovem que não se afligia com as calamidades que lhe acontecia. Esta seria a última fonte da vida.

E foi assim que Raida se tornou conhecida como a Princesa da Água da Vida, da qual até hoje é a guardiã. Essa água poda ser bebida para dar imortalidade àqueles que a encontram, por não se impressionarem pelas calamidades que lhes possam ocorrer.

Colada a tua lembrança,
meu sentimento
Instala-se o vazio
a falta me traz sofrimento
A saudade, momentos
Desfaço-me de seus traços
e lentamente, pacientemente,
desconstruo a sua imagem

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O homem precisa desenvolver-se espiritualmente, é necessário buscar novas alternativas para que possamos transformar-nos e mudar as coisas que o circundam. A arte pode ser o instrumento que propiciará a sua transformação, e como conseqüência, o meio em que ele vive também se transformará.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Saudosismo de Carnaval

Acabou o carnaval e eu me sinto saudosista, deslocada e muitas vezes irritada com os caminhos do carnaval aqui nas bandas do interior de São Paulo e até mesmo no Brasil.
Nos anos 70 e começo da década de 80, a festa era realmente uma festa. Tudo girava em torno do carnaval, não só nos bailes do clube tocavam samba e marchinhas, ouvia-se o ritmo nas casas, nas rádios e toca fitas dos carros. As pessoas preparavam fantasias para os bailes, eram pierrots, colombinas, palhaços, ciganos e mais uma infinidade de personagens que realmente faziam a diferença nos bailes. A música era interessante, o samba de raíz e as marchinhas às vezes engraçadas, às vezes ingenuas, dominavam o cenário musical da época.
Durante o dia, um hábito bastante interessante nos dias de carnaval, eram as guerras de água que a garotada adorava. Em Mococa a tradição era tamanha que havia uma senhora chamada D. Dita que fabricava com parafina bolinhas d’água em sua casa. Essas bolinhas eram coloridas em tons pastéis e dentro delas havia essencia de rosas que quando atiradas nas pessoas, deixavam um perfume delicado. Elas eram vendidas em caixas de camisas forradas de serragem. A garotada que não queria gastar dinheiro com a D. Dita, fabricava as bolinhas nos quintais e usavam como forma goiabas, isso tudo sem nehum problemas. Uma invenção interessante foi o “sangue de diabo” que era uma mistura de melhoral com alguma outra coisa que não me lembro mais, que quando misturado à agua, ficava vermelho e manchava momentaneamente a roupa das pessoas. Era o carnaval da época, muito divertido!!!
O carnaval por essas bandas está cada dia mais sem sentido, sem graça nehuma. A música predominate na festa é o funk carioca. Nossa Sra. Da Boa Música me livre desse som! O ritmo pode até ser contagiante, mas não dá pra ouvir, é uma agressão aos ouvidos. Acho sinceramente que estamos perdidos. A geração que hoje ouve funk está sendo formada com uma cultura musical de baixíssimo nível. É uma péssima influência cultural para jovens e crianças já que a música tem o poder de formar e informar as pessoas. Pra se ter uma idéia, o estilo tentou se espalhar pelo mundo e do jeito que entrou em alguns paises foi banido na mesma hora, pois alguns europeus foram procurar saber sobre o que as letras estavam falando, e quando viram que se tratava de apologia ao crime e as drogas e a banalização do sexo e da mulher, baniram o funk do seu país.
Mas no Brasil ouve-se muito Funk no carnaval e fora dele . E o samba e as marchinhas estão caindo no esquecimento. Por aqui é moda e vai ficar, e pelo visto as autoridades querem mesmo que se ouça muito funk carioca, pois para eles é importante manter cada vez mais, os jovens brasileiros sem cultura, sem informação e sem nehum tipo de crítica. Em Setembro de 2009 a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro aprovou projeto definindo o funk como movimento cultural e musical de caráter popular.