Era uma vez, quando não havia tempo, no País do Lugar Nenhum, uma pobre jovem chamada Raida, que vivia solitária em uma pequena cabana. Como não havia dinehiro, nem comida e nem nada, ela vivia do que encontrasse pelo caminho.
Um dia, caminhando pelo bosque, Raida viu que um enxame de abelhas havia abandonado sua colméia, e decidiu recolher o mel.
"Levarei este mel ao mercado e o venderei. Com o dinheiro que conseguir procurarei melhorar minha vida", disse para si mesma.
Raida correu para casa e voltou com um pote, enchendo-o de mel. Ela não sabia, no entanto que a causa de sua pobreza era um gênio maléfico que tentava por todos os meios impedir que ela tivesse êxito em qualquer coisa.
O gênio acordou quando alguma coisa lhe disse que Raida estava começando a fazer algo de útil. Ele correu ao lugar onde ela se encontrava com a intenção de causar-lhe problemas. Logo que viu Raida com o mel, o gênio se transformou em um galho de árvore e empurrou seu braço, de maneira que o pote caiu e se quebrou, entornando todo o mel. O gênio, ainda sob a forma de um galho, ria-se com satisfação, balançando-se de um lado para o outro.
"Isto a deixará furiosa!", disse para si mesmo.
Mas ela apenas contemplou o mel e pensou:
" Não importa, as formigas vão comer o mel, e talvez algo surja disso".
Raida tinha visto uma fileira de formigas cujas exploradoras já estavam experimentando o mel para ver se lhes seria útil. Quando começou a atravessar a floresta, no caminho de volta para sua cabana, Raida notou que um cavaleiro estava vindo em sua direção.
Quando estava apenas há alguns metros dela, o homem levantou o chicote displicentemente e, ao passar, bateu num galho. Raida viu que era uma árvore de amoras, e o golpe tinha feito com que as frutas maduras caíssem no chão. Ela pensou:
"Boa idéia! Recolherei as amoras e as levarei ao mercado para vendê-las. Talvez algo surja disso!".
O gênio a viu juntando as frutas e riu- se por dentro. Quando ela terminou de encher seu cesto ele se transformou em um burro e a seguiu silenciosamente pelo caminho que levava ao mercado.
Quando Raida se sentou para descansar, o gênio sob a forma de burro aproximou-se, esfregando o focinho em seu braço. Raida bateu- lhe no focinho, e então de repente a horrível criatura se jogou sobre o cesto de amoras, esmagando-as completamente. O suco espalhou- se pelo caminho, e o falso burro afastou- se galopando alegremente entre os arbustos.
Raida olhou então para as frutas com desânimo. Nesse momento, no entanto, a rainha, em uma linda carruagem, estava passando por ali, a caminho da capital e pode presenciar o que acontecera com Raida.
"Parem a carruagem imediatamente!", ordenou aos guardas que a acompanhavam. "Essa jovem perdeu tudo, seu burro esmagou as frutas e fugiu. Ela estará perdida senão ajudarmos."
Assim foi que a rainha convidou Raida a subir na carruagem, e rapidamente se tornaram amigas. A jovem possuia um encanto, era ponderada, educada e bondosa. A rainha levou-a ao palácio e como Raida era extremamente carinhosa, logo conquistou a sua confiança. Raida ganhou da rainha uma casa, e logo ela se converteu em uma próspera comerciante, por seus próprios méritos.
Quando o gênio viu como as coisas estavam indo bem para Raida, deu uma boa examinada na casa para ver o que poderia fazer para arruiná-la. Ele percebeu que todas as mercadorias eram guardadas em um grande cômodo, que se queimaria até os alicerces em menos tempo do que se leva para contar. E assim foi feito, o genio ateou fogo na loja de Raida.
Ela saiu da casa correndo quando sentiu o cheiro da fumaça. O fogo rapidamente tomou conta de tudo e Raida contemplou as ruínas com pesar. Então percebeu que uma fila de pequenas formigas estavam se formando. Elas carregavam grão a grão a sua reserva de milho, que estivera embaixo da casa, para outro local de maior segurança. Para ajudá-las, Raida ergueu uma grande pedra que cobria o formigueiro, e debaixo dela brotou uma fonte de água. Enquanto Raida a experimentava, as pessoas da cidade iam se juntando á sua volta, exclamando:
_A água da Vida! Isto é o que foi profetizado, que um dia, depois de um incêndio e de muitos desastres, uma fonte seria encontrada por uma jovem que não se afligia com as calamidades que lhe acontecia. Esta seria a última fonte da vida.
E foi assim que Raida se tornou conhecida como a Princesa da Água da Vida, da qual até hoje é a guardiã. Essa água poda ser bebida para dar imortalidade àqueles que a encontram, por não se impressionarem pelas calamidades que lhes possam ocorrer.
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