domingo, 5 de maio de 2013
Nessa semana conversando com um amigo ele me disse que o trabalho estava o deixando de saco cheio. Segundo suas palavras, “ As pessoas não têm mais respeito e nem consideração, as relações no trabalho estão cada dia mais difíceis, principalmente quando trato com pessoas que exercem cargos elevados”. Sinceramente penso meu amigo que isso não é uma característica dos dias atuais, é coisa do bicho homem.
Já trabalhei em várias funções. Comecei como garçonete, há zil anos atrás em um pequeno restaurante em Campinas. Neste tive sorte, pois os frequentadores eram amigos e não tive problemas com a clientela que eu atendia. Mas trabalhei como caixa em um restaurante bar bacana na Bahia, há poucos anos atrás, onde fui alvo de uma madame bêbada e doida que só faltou me deixar surda, ela surtou e me agrediu verbalmente aos berros com palavrões e insultos, por conta de que seus inúmeros cartões de crédito não passavam. E eu do lado de lá tremia de raiva e de vontade esganá-la. Acabou que um cara acertou a conta e ela foi-se embora me xingando aos berros. Um escândalo!
Fui professora de natação, lá dentro da piscina era uma farra só, trabalho delicioso onde eu adorava ensinar as crianças que aprendiam brincando, crianças, preciso dizer mais nada. Mas quando eu era proprietária de uma editora de house organs, no começo dos anos 90, aí o bicho pegava, os diretores das empresas para quem eu prestava serviço chegavam a tripudiar em mim, era um horror! A síndrome de pequeno poder imperava, os egos super inflados dominavam a cena. Respeito, colaboração e companheirismo não existiam nas nossas relações de trabalho, era um exercício diário de paciência, haja saúde!
Quando fui professora universitária também sentia que os mestres travavam entre si uma certa luta egóica, absolutamente improdutiva e desnecessária para o meio acadêmico.
E no meu incomum universo profissional leva o troféu supremo da vaidade e da falta de humildade e respeito a TV e o cinema. Um mundo interessante e super envolvente, mas vaidoso demais da conta, lá os egos são infladérrimos e bobeou dançou. Eu por duas vezes com a minha caipirice dancei , foi triste.
Já dizia minha sábia comadre Vânia que o ego é o grande vilão, é ele quem contamina tudo o que temos de melhor, de mais puro e belo. Atenção às armadilhas que o ego nos prepara, não custa prestar atenção nas inúmeras vezes que ele dá as cartas, já que quando ele é o chefe, as relações podem ficar intoleráveis. Quem sabe , em um futuro sem pessoas pirando com a vaidade e o poder, os nossos netos vivam num ambiente profissional mais verdadeiro, mais humano, menos podre e mais justo!
quarta-feira, 13 de março de 2013
O samurai Idoso
Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que adorava ensinar sua filosofia para os jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda que ele ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos contra-atacava com velocidade fulminante.
O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. E, conhecendo a reputação do velho samurai, estava ali para derrotá-lo, aumentando sua fama de vencedor.
Todos os estudantes manifestaram-se contra a idéia, mas o velho aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos - ofendeu inclusive seus ancestrais.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho mestre permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.
Desapontados pelo fato do mestre ter aceito tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram: Como o senhor pode suportar tanta indignidade ? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?
- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? - perguntou o velho samurai.
- A quem tentou entregá-lo - respondeu um dos discípulos.
- O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos - disse o mestre - Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Principe Adil e os leões
Essa história fala do medo, próprio e inerente em nós seres humanos. Ela é repleta de elementos cênicos e muito interessante para trabalhar em oficinas.Minha última oficina em junho, ministrada no grupo TUMM em Mococa, trabalhamos com ela.
Príncipe Adil e os Leões
Havia um rei muito poderoso que se chamava Azad. Ele tinha um único filho, o príncipe Adil, que tinha acabado de completar 18 anos. Logo depois de seu aniversário o rei mandou chamá-lo à sua presença, para que lhe fosse anunciada uma notícia muito importante.
Quando chegou á sala do trono, o grão-vizir lhe disse que sempre havia sido costume na sua família, que o herdeiro do trono, ao fazer dezoito anos, deveria passar por um teste, para provar que poderia ser um bom governante.
O príncipe seguiu seu pai e o grão-vizir até uma cova, que ficava numa rocha distante do palácio. Nele havia uma porta com uma grade. O príncipe olhou através da grade e viu lá dentro, ao fundo, um enorme leão.
Ao vê-lo o animal levantou-se e soltou um rugido de fazer estremecer as paredes. No chão da caverna havia uma quantidade enorme de ossos.
- O que significa isso?- perguntou Adil com muito medo.
-Sua prova é enfrentar esse leão, disse o rei, como todos os seus antepassados fizeram antes de você, para serem dignos de herdar o trono.
O príncipe empalideceu e mal conseguiu falar:
- Enfrentar esse monstro? Como poderei fazer isso? O máximo que consegui até hoje foi matar um antílope não muito grande. Eu tenho certeza que um leão deste tamanho e com toda essa força é um desafio maior que eu, disse o príncipe quase sem voz
- Não se preocupe, disse o grão-vizir. Você não precisa fazer isso agora. Um dia você poderá enfrentá-lo, quando estiver pronto, não há pressa.
Em seguida surgiu um escravo que jogou um naco de carne para o leão, que o devorou imediatamente.
Depois disso Adil já não era mais o mesmo, ainda que seu pai não tocasse no assunto da prova e o tratasse com a consideração de sempre, ele não conseguia parar de pensar no assunto e não tinha mais alegria de viver. Pensava dia e noite na tarefa que tinha que cumprir e achava que tinha que realizá-la o mais rápido possível.
Até que ele não agüentou mais tamanha ansiedade: numa noite, depois de virar e revirar-se na cama, sem conseguir dormir, ele se levantou, vestiu-se , encheu uma bolsa com muitas moedas de ouro e foi até o estábulo. Acordou seu fiel escudeiro e pediu-lhe que selasse o seu melhor cavalo e que avisasse o rei seu pai, que ele havia partido para uma longa viagem.
Depois ele seguiu pela noite enluarada, atrás de uma solução para seu terrível problema. O príncipe nunca havia saído de seu reino e , à medida que se afastava dele, por estradas desconhecidas, foi encontrando lugares que nunca imaginou que existissem.
Ao amanhecer, chegou a uma paisagem muito bela, onde havia um rio e prados verdejantes às suas margens. Enquanto seu cavalo bebia água, o príncipe começou a ouvir um doce som de flautas, que eram tocadas por pastores enquanto cuidavam de seus rebanhos. Adil perguntou a um deles onde poderia passar aquela noite e foi levado ao dono daquelas terras conhecida como a Terra dos tocadores de flautas celestiais.
Harum era seu nome e ele morava numa bela casa muito espaçosa e agradável.
Recebeu o príncipe com grande hospitalidade e foi logo perguntando:
- De onde você vem , meu rapaz?
Adil respondeu com evasivas, dizendo que estava buscando solução para uma questão pessoal e por isso tinha viajado, mas não queria falar no assunto.
Harum disse que ele poderia ficar em sua casa quanto tempo fosse necessário e que ali se sentisse à vontade.
Aquele espaço, a casa, os campos ao redor eram tão agradáveis que o príncipe pensou que poderia passar um bom tempo por ali.
Todos os dias ele passeava pelos arredores descobrindo lugares encantadores e ouvindo o som das flautas dos pastores.
Numa noite quando já havia se recolhido ao seu quarto, o príncipe ouviu rugidos de leões, não longe da casa. Na manhã seguinte, apavorado, perguntou a Harun se por acaso havia algum tipo de leão naquela região.
-Ah sim, respondeu ele calmamente. Este lugar está infestado de leões. Eles saem das suas tocas a noite pra caçar, como você ainda não os tinha notado? Por isso mandei construir esse muro enorme em volta da casa, para proteger a minha família dessas feras. Harun dizia isso dando risadas, como se isso fosse divertido.
Imediatamente, com muito medo o príncipe preparou seu cavalo para partir. Despediu-se de Harun agradecendo e saiu galopando pelo caminho, o mais rápido que podia
Depois de um bom tempo de viagem, chegou a um deserto que não parecia ter fim. Arbustos baixos e secos apareciam de vez em quando, em meio a um vento fustigante que levantava uma poeira insuportável. Adil sabia que precisava logo encontrar água para ele e seu cavalo, pois não sobreviveriam muito tempo àquelas aguras. Ele fez uma prece , pedindo para que pudesse chegar a um oásis.
Como resposta a sua oração, ele viu ao longe no horizonte um acampamento beduíno de tendas negras. Os guerreiros se aproximaram e o saudaram gritando “Asalaamawaliekum”!
Adil foi levado por eles até o sheik, que o recebeu calorosamente, dizendo-lhe que sentia honrado em recebê-lo e que ele poderia ficar ali quanto tempo desejasse.
O chefe guerreiro ofereceu-lhe uma suculenta refeição de carneiro cozido, arroz com especiarias, figos e tâmaras muito doces. Enquanto conversavam o sheik perguntou-lhe qual o motivo de sua viagem.
_Só posso dizer que deixei a minha casa par resolver um problema pessoal, para poder pensar melhor até perceber que está na hora de voltar.
O sheik sorriu e lhe disse olhando-o com seus olhos penetrantes:
- É o tempo que nos dá todas as respostas, se tivermos paciência.
Os dias foram passando e o príncipe estava muito feliz. Achou que poderia ficar ali para sempre.
Um dia, depois de um bom tempo entre os beduínos, o velho sheik lhe falou:
- Meu filho, somos guerreiros e temos que lutar com outras tribos. É preciso ser muito valente para viver entre nós. Gostamos de você e apreciamos a sua companhia. Se quiser permanecer conosco, no entanto gostaríamos de submetê-lo a um teste em que nos mostrasse a sua capacidade guerreira. Está vendo aquelas montanhas no horizonte? Pois lá existem muitos leões. Basta que você mate um deles e traga-nos a sua pele, para que seja imediatamente aceito como um dos nossos.
Adil pôs-se a tremer de pavor e deu uma desculpa ao sheik, falando que tinha que partir com a máxima urgência.
Enquanto abandonava o acampamento, ele disse para si mesmo.
Meu Deus, não consigo entender por que encontro leões em qualquer lugar para onde vou. Pois deixei o palácio do meu pai para evitá-los.
Viajou por muito tempo pela noite cheia de estrelas. De manhã chegou a uma bela região onde as flores cresciam à beira da estrada, por toda a parte.
Ao longe avistou um magnífico palácio, o mais belo que ele já havia visto. Era feito de uma pedra rosada, com colunas de lápis-azúli e balcões de madeira esculpida e pintada de várias cores. Havia fontes nos jardins à sua volta, pássaro de todas as cores, imponentes pavilhões em que se sentia o delicioso perfume de jasmins e rosas.
- Esse lugar parece um paraíso na terra!- disse Adil para si mesmo enquanto se aproximava do palácio.
Chegando aos portões, o príncipe foi conduzido pelos guardas a um suntuoso quarto de hóspedes, onde servos gentis o esperavam com um banho aromático e roupas novas sobre a cama.
Mais tarde foi levado até o Rei, um nobre homem barbudo que perguntou-lhe porque estava viajando.
- Minha situação é muito delicada, tanto que não gostaria de falar dela- respondeu o príncipe um tanto constrangido. Eu deixei meu país com um problema que preciso resolver. Eu entendo disse o rei respeitosamente.
Nesse momento uma porta se abriu e dela surgiu a mais bela jovem que o príncipe já havia visto. Era a princesa Peri Zade, filha do rei, que tinha lindo olhos amendoados e um cabelo negro como a cauda de um pássaro. Adil ficou completamente encantado por ela.
Depois da refeição o rei convidou Adil para percorrer toda extensão do palácio. Tudo naquele lugar era lindo e feito com tanta arte e bom gosto que parecia obra de mãos celestiais.
Admirando aquele esplendor a sua volta o príncipe achou que pudesse viver ali para o resto de sua vida.
Muitos dias se passaram. A princesa Peri Zade dedicava-se a mostrar para Adil os jardins em várias horas diferentes. Um dia ao entardecer ele a ouvia cantar e tocar alaúde quando escutou um som que o deixou paralisado.
- Que ruído foi esse? Ele perguntou interrompendo a música?
_ Foi ali perto daqueles arbustos, parecia um rugido de um leão.
Ela sorriu e lhe disse:
- Ora é só Rustum, nosso guardião, como o chamamos. É nosso animal de estimação. A essa hora ele vigia nossos jardins e a noite ele dorme na porta do meu quarto.
- Desse momento em diante o príncipe não teve mais sossego e no jantar quase não tocou na comida. Quando subiu as escadas, acompanhado pelo Rei, levou um enorme susto com o leão parado à porta do seu quarto.
- Pode-se sentir honrado- disse o rei-, Rustum está tomando conta da de seu quarto. Ele não faz isso com muita gente, pode ficar tranquilo que ele é manso.
- Pois estou com medo dele assim mesmo, respondeu Adil envergonhado.
Entrou no quarto rapidamente e é claro, não conseguiu dormir a noite inteira.
Pela manha começou a pensar em voltar para casa já que havia tantos leões no seu caminho. Seria melhor acabar com esse sofrimento, enfrentar o leão em vez de ficar fugindo a vida toda.
Decidido foi falar com o Rei e lhe disse:
-Peço permissão para voltar e cuidar do meu problema à minha maneira, só assim voltarei a estar em paz comigo mesmo. Tenho agido como covarde, e quero deixar de fazê-lo pela honra de meu pai. Sou filho do rei Azad e fugi do dever que todos os homens da minha família devem realizar.
Agora sinto vergonha e sei que nunca poderei pedir a mão da princesa Peri Zade enquanto não lutar com o leão naquela cova.
- Muito bem falado meu filho, disse o rei. Desde o primeiro momento eu soube quem você era, pois você se parece muito o seu pai quando jovem. Sempre respeitei e admirei o Rei Azad. Vá lute com o leão que eu lhe darei a minha filha em casamento.
O príncipe montou no seu cavalo e galopou de volta para casa pelo mesmo caminho. Quando passou pelo acampamento beduíno o sheik lhe disse:
-Que bom vê-lo príncipe Adil, fui amigo de seu pai quando éramos jovens, eu logo soube quem você era pela enorme semelhança entre vocês. Aliás, e´ muito maior agora do que no dia em que você chegou aqui.
Adil contou o porque estava voltando para casa e o sheik ficou satisfeito.
Logo que chegou na terra dos tocadores de flauta celestiais, encontrou Harum e saudou-o dizendo:
- Quando cheguei aqui pela primeira vez, eu me comportei como um covarde. Agora estou pronto para lutar e fazer o que os meus antepassados fizeram, seja qual for o resultado.
- Muito bem disse o velho homem- Seu pai e eu fomos companheiros quando tínhamos sua idade. Eu sempre soube quem você era e sendo filho dele na hora certa resolveria o seu problema.
Chegando em seu palácio Adil pediu ao seu pai e ao grão vizir que o acompanhasse até a cova do leão, o velho rei o abraçou e o três seguiram para a caverna.
Com uma espada na mão e uma adaga na cintura o príncipe abriu a porta gradeada e entrou, corajosamente. O leão estava lá no fundo e assim que o viu levantou a cabeça e andou na sua direção. Adil foi ao seu encontro e quando tocou na espada para apunhalá-lo ele simplesmente começou a esfregar a cabeça contra o seu joelho, lambendo suas botas.
- O que significa isso? Perguntou Adil
- Como você pode ver ele não faz mal a ninguém- disse o grão vizir. Seu teste era enfrentá-lo sem medo e isso você já fez e agora é digno de ser nosso futuro rei.
Adil mal pode acreditar naquilo, quando voltou ao palácio o leão o seguiu andando ao seu lado.
Todo o reino comemorou a notícia do sucesso do príncipe.
Quando Adil reveleou a seu pai o amor que sentia pela princesa Peri Zade o rei mandou buscá-la.
Depois de um tempo, que pareceu uma eternidade para Adil, a princesa chegou em seu cavalo branco , com uma magnífica comitiva, todos vestidos ricamente para a festa de casamento.
Durante sete dias e sete noites as pessoas comemoraram o casamento de Adil e Peri Zade.
Eles foram muito felizes, Adil tornou-se rei, e no chão do quarto em que costumava estudar ele mandou escrever com letras de ouro: Nunca fuja do leão
Príncipe Adil e os Leões
Havia um rei muito poderoso que se chamava Azad. Ele tinha um único filho, o príncipe Adil, que tinha acabado de completar 18 anos. Logo depois de seu aniversário o rei mandou chamá-lo à sua presença, para que lhe fosse anunciada uma notícia muito importante.
Quando chegou á sala do trono, o grão-vizir lhe disse que sempre havia sido costume na sua família, que o herdeiro do trono, ao fazer dezoito anos, deveria passar por um teste, para provar que poderia ser um bom governante.
O príncipe seguiu seu pai e o grão-vizir até uma cova, que ficava numa rocha distante do palácio. Nele havia uma porta com uma grade. O príncipe olhou através da grade e viu lá dentro, ao fundo, um enorme leão.
Ao vê-lo o animal levantou-se e soltou um rugido de fazer estremecer as paredes. No chão da caverna havia uma quantidade enorme de ossos.
- O que significa isso?- perguntou Adil com muito medo.
-Sua prova é enfrentar esse leão, disse o rei, como todos os seus antepassados fizeram antes de você, para serem dignos de herdar o trono.
O príncipe empalideceu e mal conseguiu falar:
- Enfrentar esse monstro? Como poderei fazer isso? O máximo que consegui até hoje foi matar um antílope não muito grande. Eu tenho certeza que um leão deste tamanho e com toda essa força é um desafio maior que eu, disse o príncipe quase sem voz
- Não se preocupe, disse o grão-vizir. Você não precisa fazer isso agora. Um dia você poderá enfrentá-lo, quando estiver pronto, não há pressa.
Em seguida surgiu um escravo que jogou um naco de carne para o leão, que o devorou imediatamente.
Depois disso Adil já não era mais o mesmo, ainda que seu pai não tocasse no assunto da prova e o tratasse com a consideração de sempre, ele não conseguia parar de pensar no assunto e não tinha mais alegria de viver. Pensava dia e noite na tarefa que tinha que cumprir e achava que tinha que realizá-la o mais rápido possível.
Até que ele não agüentou mais tamanha ansiedade: numa noite, depois de virar e revirar-se na cama, sem conseguir dormir, ele se levantou, vestiu-se , encheu uma bolsa com muitas moedas de ouro e foi até o estábulo. Acordou seu fiel escudeiro e pediu-lhe que selasse o seu melhor cavalo e que avisasse o rei seu pai, que ele havia partido para uma longa viagem.
Depois ele seguiu pela noite enluarada, atrás de uma solução para seu terrível problema. O príncipe nunca havia saído de seu reino e , à medida que se afastava dele, por estradas desconhecidas, foi encontrando lugares que nunca imaginou que existissem.
Ao amanhecer, chegou a uma paisagem muito bela, onde havia um rio e prados verdejantes às suas margens. Enquanto seu cavalo bebia água, o príncipe começou a ouvir um doce som de flautas, que eram tocadas por pastores enquanto cuidavam de seus rebanhos. Adil perguntou a um deles onde poderia passar aquela noite e foi levado ao dono daquelas terras conhecida como a Terra dos tocadores de flautas celestiais.
Harum era seu nome e ele morava numa bela casa muito espaçosa e agradável.
Recebeu o príncipe com grande hospitalidade e foi logo perguntando:
- De onde você vem , meu rapaz?
Adil respondeu com evasivas, dizendo que estava buscando solução para uma questão pessoal e por isso tinha viajado, mas não queria falar no assunto.
Harum disse que ele poderia ficar em sua casa quanto tempo fosse necessário e que ali se sentisse à vontade.
Aquele espaço, a casa, os campos ao redor eram tão agradáveis que o príncipe pensou que poderia passar um bom tempo por ali.
Todos os dias ele passeava pelos arredores descobrindo lugares encantadores e ouvindo o som das flautas dos pastores.
Numa noite quando já havia se recolhido ao seu quarto, o príncipe ouviu rugidos de leões, não longe da casa. Na manhã seguinte, apavorado, perguntou a Harun se por acaso havia algum tipo de leão naquela região.
-Ah sim, respondeu ele calmamente. Este lugar está infestado de leões. Eles saem das suas tocas a noite pra caçar, como você ainda não os tinha notado? Por isso mandei construir esse muro enorme em volta da casa, para proteger a minha família dessas feras. Harun dizia isso dando risadas, como se isso fosse divertido.
Imediatamente, com muito medo o príncipe preparou seu cavalo para partir. Despediu-se de Harun agradecendo e saiu galopando pelo caminho, o mais rápido que podia
Depois de um bom tempo de viagem, chegou a um deserto que não parecia ter fim. Arbustos baixos e secos apareciam de vez em quando, em meio a um vento fustigante que levantava uma poeira insuportável. Adil sabia que precisava logo encontrar água para ele e seu cavalo, pois não sobreviveriam muito tempo àquelas aguras. Ele fez uma prece , pedindo para que pudesse chegar a um oásis.
Como resposta a sua oração, ele viu ao longe no horizonte um acampamento beduíno de tendas negras. Os guerreiros se aproximaram e o saudaram gritando “Asalaamawaliekum”!
Adil foi levado por eles até o sheik, que o recebeu calorosamente, dizendo-lhe que sentia honrado em recebê-lo e que ele poderia ficar ali quanto tempo desejasse.
O chefe guerreiro ofereceu-lhe uma suculenta refeição de carneiro cozido, arroz com especiarias, figos e tâmaras muito doces. Enquanto conversavam o sheik perguntou-lhe qual o motivo de sua viagem.
_Só posso dizer que deixei a minha casa par resolver um problema pessoal, para poder pensar melhor até perceber que está na hora de voltar.
O sheik sorriu e lhe disse olhando-o com seus olhos penetrantes:
- É o tempo que nos dá todas as respostas, se tivermos paciência.
Os dias foram passando e o príncipe estava muito feliz. Achou que poderia ficar ali para sempre.
Um dia, depois de um bom tempo entre os beduínos, o velho sheik lhe falou:
- Meu filho, somos guerreiros e temos que lutar com outras tribos. É preciso ser muito valente para viver entre nós. Gostamos de você e apreciamos a sua companhia. Se quiser permanecer conosco, no entanto gostaríamos de submetê-lo a um teste em que nos mostrasse a sua capacidade guerreira. Está vendo aquelas montanhas no horizonte? Pois lá existem muitos leões. Basta que você mate um deles e traga-nos a sua pele, para que seja imediatamente aceito como um dos nossos.
Adil pôs-se a tremer de pavor e deu uma desculpa ao sheik, falando que tinha que partir com a máxima urgência.
Enquanto abandonava o acampamento, ele disse para si mesmo.
Meu Deus, não consigo entender por que encontro leões em qualquer lugar para onde vou. Pois deixei o palácio do meu pai para evitá-los.
Viajou por muito tempo pela noite cheia de estrelas. De manhã chegou a uma bela região onde as flores cresciam à beira da estrada, por toda a parte.
Ao longe avistou um magnífico palácio, o mais belo que ele já havia visto. Era feito de uma pedra rosada, com colunas de lápis-azúli e balcões de madeira esculpida e pintada de várias cores. Havia fontes nos jardins à sua volta, pássaro de todas as cores, imponentes pavilhões em que se sentia o delicioso perfume de jasmins e rosas.
- Esse lugar parece um paraíso na terra!- disse Adil para si mesmo enquanto se aproximava do palácio.
Chegando aos portões, o príncipe foi conduzido pelos guardas a um suntuoso quarto de hóspedes, onde servos gentis o esperavam com um banho aromático e roupas novas sobre a cama.
Mais tarde foi levado até o Rei, um nobre homem barbudo que perguntou-lhe porque estava viajando.
- Minha situação é muito delicada, tanto que não gostaria de falar dela- respondeu o príncipe um tanto constrangido. Eu deixei meu país com um problema que preciso resolver. Eu entendo disse o rei respeitosamente.
Nesse momento uma porta se abriu e dela surgiu a mais bela jovem que o príncipe já havia visto. Era a princesa Peri Zade, filha do rei, que tinha lindo olhos amendoados e um cabelo negro como a cauda de um pássaro. Adil ficou completamente encantado por ela.
Depois da refeição o rei convidou Adil para percorrer toda extensão do palácio. Tudo naquele lugar era lindo e feito com tanta arte e bom gosto que parecia obra de mãos celestiais.
Admirando aquele esplendor a sua volta o príncipe achou que pudesse viver ali para o resto de sua vida.
Muitos dias se passaram. A princesa Peri Zade dedicava-se a mostrar para Adil os jardins em várias horas diferentes. Um dia ao entardecer ele a ouvia cantar e tocar alaúde quando escutou um som que o deixou paralisado.
- Que ruído foi esse? Ele perguntou interrompendo a música?
_ Foi ali perto daqueles arbustos, parecia um rugido de um leão.
Ela sorriu e lhe disse:
- Ora é só Rustum, nosso guardião, como o chamamos. É nosso animal de estimação. A essa hora ele vigia nossos jardins e a noite ele dorme na porta do meu quarto.
- Desse momento em diante o príncipe não teve mais sossego e no jantar quase não tocou na comida. Quando subiu as escadas, acompanhado pelo Rei, levou um enorme susto com o leão parado à porta do seu quarto.
- Pode-se sentir honrado- disse o rei-, Rustum está tomando conta da de seu quarto. Ele não faz isso com muita gente, pode ficar tranquilo que ele é manso.
- Pois estou com medo dele assim mesmo, respondeu Adil envergonhado.
Entrou no quarto rapidamente e é claro, não conseguiu dormir a noite inteira.
Pela manha começou a pensar em voltar para casa já que havia tantos leões no seu caminho. Seria melhor acabar com esse sofrimento, enfrentar o leão em vez de ficar fugindo a vida toda.
Decidido foi falar com o Rei e lhe disse:
-Peço permissão para voltar e cuidar do meu problema à minha maneira, só assim voltarei a estar em paz comigo mesmo. Tenho agido como covarde, e quero deixar de fazê-lo pela honra de meu pai. Sou filho do rei Azad e fugi do dever que todos os homens da minha família devem realizar.
Agora sinto vergonha e sei que nunca poderei pedir a mão da princesa Peri Zade enquanto não lutar com o leão naquela cova.
- Muito bem falado meu filho, disse o rei. Desde o primeiro momento eu soube quem você era, pois você se parece muito o seu pai quando jovem. Sempre respeitei e admirei o Rei Azad. Vá lute com o leão que eu lhe darei a minha filha em casamento.
O príncipe montou no seu cavalo e galopou de volta para casa pelo mesmo caminho. Quando passou pelo acampamento beduíno o sheik lhe disse:
-Que bom vê-lo príncipe Adil, fui amigo de seu pai quando éramos jovens, eu logo soube quem você era pela enorme semelhança entre vocês. Aliás, e´ muito maior agora do que no dia em que você chegou aqui.
Adil contou o porque estava voltando para casa e o sheik ficou satisfeito.
Logo que chegou na terra dos tocadores de flauta celestiais, encontrou Harum e saudou-o dizendo:
- Quando cheguei aqui pela primeira vez, eu me comportei como um covarde. Agora estou pronto para lutar e fazer o que os meus antepassados fizeram, seja qual for o resultado.
- Muito bem disse o velho homem- Seu pai e eu fomos companheiros quando tínhamos sua idade. Eu sempre soube quem você era e sendo filho dele na hora certa resolveria o seu problema.
Chegando em seu palácio Adil pediu ao seu pai e ao grão vizir que o acompanhasse até a cova do leão, o velho rei o abraçou e o três seguiram para a caverna.
Com uma espada na mão e uma adaga na cintura o príncipe abriu a porta gradeada e entrou, corajosamente. O leão estava lá no fundo e assim que o viu levantou a cabeça e andou na sua direção. Adil foi ao seu encontro e quando tocou na espada para apunhalá-lo ele simplesmente começou a esfregar a cabeça contra o seu joelho, lambendo suas botas.
- O que significa isso? Perguntou Adil
- Como você pode ver ele não faz mal a ninguém- disse o grão vizir. Seu teste era enfrentá-lo sem medo e isso você já fez e agora é digno de ser nosso futuro rei.
Adil mal pode acreditar naquilo, quando voltou ao palácio o leão o seguiu andando ao seu lado.
Todo o reino comemorou a notícia do sucesso do príncipe.
Quando Adil reveleou a seu pai o amor que sentia pela princesa Peri Zade o rei mandou buscá-la.
Depois de um tempo, que pareceu uma eternidade para Adil, a princesa chegou em seu cavalo branco , com uma magnífica comitiva, todos vestidos ricamente para a festa de casamento.
Durante sete dias e sete noites as pessoas comemoraram o casamento de Adil e Peri Zade.
Eles foram muito felizes, Adil tornou-se rei, e no chão do quarto em que costumava estudar ele mandou escrever com letras de ouro: Nunca fuja do leão
terça-feira, 22 de junho de 2010
A vida prega umas peças que agente não imagina.
Quando penso que tudo vai bem, que materialmente estarei, pelo menos por um tempo, tranqüila, o mundo financeiro se desestrutura e aí a coisa pega e desaba sobre a minha cabeça milhões de pensamentos negativos. Tento não me desequilibrar, para tanto oro de manhã, de tarde e de noite. Respiro fundo e com um apagador imaginário vou dissolvendo os pensamentos ruins. Dali a pouco de novo, as questões pendentes não saem da cabeça! Falo comigo mesmo: Será que estou no caminho certo? Será que esse excesso de trabalho não é suficiente? Penso ainda: Acho que dessa vez vou precisar de ajuda , penso nos meus irmãos, penso no ex marido, nas amigas abastadas, mas não tenho coragem de pedir socorro. Choro e a mente atrapalhada se compadece dela mesma, é péssimo! Auto piedade, também não quero. Penso no meu pai, peço que ele lá do céu, onde tenho absoluta certeza que ele está, me mande uma luz. Ele que sempre estava pronto pra ajudar, que nunca deixou de ter aquela reserva de grana providencial e era totalmente generoso, faz uma falta tremenda. Pensando bem, meu pai e minha mãe, que foram e ainda são o meu porto seguro, minha âncora, ainda vivem em meus pensamentos. Essa referência de bondade, generosidade e desprendimento nunca se separarão de mim. Eles poderiam viver eternamente e seriam assim: bons, dignos e generosos. Meu pai era absolutamente correto, era mineiro, desses tradicionais, que foi criado em colégio interno, e viveu a infância e a juventude estudando longe de sua família e nem por isso se tornou problemático ou carente. Quando eu já era adulta, casada e depois separada, batíamos longos papos onde falávamos sobre qualquer assunto. Apesar da idade avançada e da criação severa ele era “prafrentex”, como diziam. Ele morreu aos 91, há cinco anos, quase cego e quase gagá. Meu pai e minha mãe, mulher forte e moderna, foram referencia para muitos, e eu trago comigo seu modelo de vida.
Mas voltando ao assunto grana, eu sonhei com eles e no sonho eu estava numa roubada, com problemas no carro em outra cidade, quando surgiram os dois para me salvar. Foi como se uma energia calma e serena viesse me dizer pra não ligar, para não me preocupar que tudo se resolveria como num passe de mágica. Esse sonho foi meu bálsamo, foi como se um unguento milagroso curasse uma queimadura profunda. Acordei, e me convenci de que não iria ligar para o problema. Cheguei à conclusão de que essas vaidades mundanas, grana principalmente, são coisas, e coisas não são realmente o mais importante e com tranquilidade e confiança tudo se resolve, basta ter um pouco de calma. Segui o meu dia sem nem pensar no problema financeiro que foi milagrosamente resolvido. Será que os dois lá do céu conspiraram ao meu favor?
Quando penso que tudo vai bem, que materialmente estarei, pelo menos por um tempo, tranqüila, o mundo financeiro se desestrutura e aí a coisa pega e desaba sobre a minha cabeça milhões de pensamentos negativos. Tento não me desequilibrar, para tanto oro de manhã, de tarde e de noite. Respiro fundo e com um apagador imaginário vou dissolvendo os pensamentos ruins. Dali a pouco de novo, as questões pendentes não saem da cabeça! Falo comigo mesmo: Será que estou no caminho certo? Será que esse excesso de trabalho não é suficiente? Penso ainda: Acho que dessa vez vou precisar de ajuda , penso nos meus irmãos, penso no ex marido, nas amigas abastadas, mas não tenho coragem de pedir socorro. Choro e a mente atrapalhada se compadece dela mesma, é péssimo! Auto piedade, também não quero. Penso no meu pai, peço que ele lá do céu, onde tenho absoluta certeza que ele está, me mande uma luz. Ele que sempre estava pronto pra ajudar, que nunca deixou de ter aquela reserva de grana providencial e era totalmente generoso, faz uma falta tremenda. Pensando bem, meu pai e minha mãe, que foram e ainda são o meu porto seguro, minha âncora, ainda vivem em meus pensamentos. Essa referência de bondade, generosidade e desprendimento nunca se separarão de mim. Eles poderiam viver eternamente e seriam assim: bons, dignos e generosos. Meu pai era absolutamente correto, era mineiro, desses tradicionais, que foi criado em colégio interno, e viveu a infância e a juventude estudando longe de sua família e nem por isso se tornou problemático ou carente. Quando eu já era adulta, casada e depois separada, batíamos longos papos onde falávamos sobre qualquer assunto. Apesar da idade avançada e da criação severa ele era “prafrentex”, como diziam. Ele morreu aos 91, há cinco anos, quase cego e quase gagá. Meu pai e minha mãe, mulher forte e moderna, foram referencia para muitos, e eu trago comigo seu modelo de vida.
Mas voltando ao assunto grana, eu sonhei com eles e no sonho eu estava numa roubada, com problemas no carro em outra cidade, quando surgiram os dois para me salvar. Foi como se uma energia calma e serena viesse me dizer pra não ligar, para não me preocupar que tudo se resolveria como num passe de mágica. Esse sonho foi meu bálsamo, foi como se um unguento milagroso curasse uma queimadura profunda. Acordei, e me convenci de que não iria ligar para o problema. Cheguei à conclusão de que essas vaidades mundanas, grana principalmente, são coisas, e coisas não são realmente o mais importante e com tranquilidade e confiança tudo se resolve, basta ter um pouco de calma. Segui o meu dia sem nem pensar no problema financeiro que foi milagrosamente resolvido. Será que os dois lá do céu conspiraram ao meu favor?
quarta-feira, 19 de maio de 2010
As coisas que me irritam
No budismo dizem que não vale à pena se irritar e muito menos reclamar. Mas eu me irrito, tento me manter tranqüila algumas vezes, mas acho que isso é coisa de monge, ainda não cheguei lá. Pia suja, cheia de coisas me irrita, e ainda eu odeio lavar louça! Os zens dizem que é um bom momento para meditar, estar ali e não pensar em mais nada, só naquilo. Gente é impossível, barrrrrrrrr.
A Fernada Yang me irrita profundamente, aquele jeitinho dela irritante, uiiiiiii . E o Faustão, nossa sra dos bons ouvidos!, ele fere os meus tímpanos e me irrita como ninguém .O Jornal Nacional então, nem me fale, além de me irritar me dá pânico. Parei de assinar o jornal impresso, por conta da entrega, que aqui na chácara era péssima, ora entregavam ora não. Então achei que podia assistir ao Jornal Nacional para ficar informada, saber afinal o que estava acontecendo. Comecei a ficar apavorada, literalmente com medo do mundo e das pessoas. Será que não existe notícia boa???? Que mundo é esse? Passei a assistir o Jornal da Cultura e pude relaxar e observar que na TV também tem boas notícias e boas informações, e que o mundo não está totalmente perdido, alívio.
O silêncio alheio me irrita. Sabe quando alguém, muito próximo a você, está com um problema sério, mas não diz absolutamente nada? Isso me deixa irritadíssima. Caramba, quero saber e tentar ajudar, quero que a pessoa converse para que ela mesma consiga melhorar e digerir essa “coisa estranha” dentro dela. Mas as pessoas muitas vezes são túmulos impenetráveis. Que irritante, eu aqui prontinha para oferecer meu ombro ou uma palavrinha de consolo, um carinho, qualquer coisa. Como não consigo fazer nada, me irrito! Fico tentando carinhosamente tirar um pouco, que possa me sinalizar algo, mas nada! Pois bem, as pessoas são diferentes, se comportam diferentemente umas das outras, e vamos considerar, é bom é humano e não faz mal nenhum algumas serem fechadas nos seus mundos, mas conviver com isso me irrita.
Os homens são diferentes, quando estão chateados muitas vezes entram em suas caverninhas impenetráveis e nós mulheres, que na maioria das vezes escancaramos os nossos sentimentos, ficamos irritadas com o silêncio deles. Acho que é assim mesmo, mas devo confessar que adoraria acordar num belo dia e à partir daí, nada mais me irritasse. Eu seria mil vezes mais feliz. Um dia chego lá e aí serei monja ou anjo
A Fernada Yang me irrita profundamente, aquele jeitinho dela irritante, uiiiiiii . E o Faustão, nossa sra dos bons ouvidos!, ele fere os meus tímpanos e me irrita como ninguém .O Jornal Nacional então, nem me fale, além de me irritar me dá pânico. Parei de assinar o jornal impresso, por conta da entrega, que aqui na chácara era péssima, ora entregavam ora não. Então achei que podia assistir ao Jornal Nacional para ficar informada, saber afinal o que estava acontecendo. Comecei a ficar apavorada, literalmente com medo do mundo e das pessoas. Será que não existe notícia boa???? Que mundo é esse? Passei a assistir o Jornal da Cultura e pude relaxar e observar que na TV também tem boas notícias e boas informações, e que o mundo não está totalmente perdido, alívio.
O silêncio alheio me irrita. Sabe quando alguém, muito próximo a você, está com um problema sério, mas não diz absolutamente nada? Isso me deixa irritadíssima. Caramba, quero saber e tentar ajudar, quero que a pessoa converse para que ela mesma consiga melhorar e digerir essa “coisa estranha” dentro dela. Mas as pessoas muitas vezes são túmulos impenetráveis. Que irritante, eu aqui prontinha para oferecer meu ombro ou uma palavrinha de consolo, um carinho, qualquer coisa. Como não consigo fazer nada, me irrito! Fico tentando carinhosamente tirar um pouco, que possa me sinalizar algo, mas nada! Pois bem, as pessoas são diferentes, se comportam diferentemente umas das outras, e vamos considerar, é bom é humano e não faz mal nenhum algumas serem fechadas nos seus mundos, mas conviver com isso me irrita.
Os homens são diferentes, quando estão chateados muitas vezes entram em suas caverninhas impenetráveis e nós mulheres, que na maioria das vezes escancaramos os nossos sentimentos, ficamos irritadas com o silêncio deles. Acho que é assim mesmo, mas devo confessar que adoraria acordar num belo dia e à partir daí, nada mais me irritasse. Eu seria mil vezes mais feliz. Um dia chego lá e aí serei monja ou anjo
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Polivalência
Na tentativa de dar conta de tudo, acordei às 5 da matina.
Igualzinho me foi ensinado, sentei-me confortavelmente, com as pernas cruzadas, a mão esquerda pousada delicadamente acima da mão direita, e os dedos polegares se tocando levemente. Consegui alguns minutos de meditação, fiquei atenta à respiração nasal, aos barulhos externos, ao ambiente e aos sons. Ôba , se isso é meditar eu consegui! ( eu sou ansiosa e meditar melhora muito a ansiedade, até os médicos mais céticos estão indicando). Mas definitivamente não dá pra ficar por muito tempo em estado meditativo, os pensamento relacionados aos afazeres do dia, involuntariamente tomaram conta da minha cabeça e puf, a meditação fugiu pra dar lugar aos pensamentos práticos, as responsabilidades . Preciso acabar o jornal da Cooperativa, pensei. E lá fui eu correr contra o tempo para entregar no prazo estabelecido, o jornal mensal que faço para a cooperativa de leite da região de Mococa. Faço esse trabalho na minha casa, onde eu também cuido do jardim, que é imenso, lavo e passo roupas, cozinho às vezes, e arrumo a minha bagunça e do meu filho mais novo. Pela tarde dedico meu tempo ao trabalho no clube, onde presto uma assessoria de comunicação e marketing. Lá fazemos uma revista eu e meu companheiro de trabalho Flávio. Ainda faço captação de patrocínio, o endomarketing e também produção e divulgação de eventos na mídia, além de alimentar o site do clube com algumas notícias.
Uma vez por semana pela manhã, estou trabalhando com idosos em uma clínica particular. Para eles eu conto histórias, converso e tento arrancar as histórias da vida deles, o que não é fácil, já que a maioria dos moradores do lugar está bastante debilitada. Depois que comecei esse trabalho torço todos os dias para ter uma boa morte, daquelas vapt vupt, onde não se fica debilitado ou encarcerado numa cama ou cadeiras de rodas absolutamente dependente. Apesar de eles serem uns fôfos e de me inspirarem amor e compaixão é realmente, muito, muito triste!
Agora para engrossar a renda mensal estou me metendo em um novo e promissor negócio. Vendo canoplas de papelão reciclado para fábricas de piscinas de fibra. Muito engraçado porque muitas vezes tenho que viajar de caminhão, ora pra buscar os tubos que eu compro em outra cidade de uns catadores de lixo- todos velhinhos também- ora pra entregar para as fábricas. Outro dia, aproveitei um frete que ia vazio para Artur Nogueira buscar uns moldes de caixa d’água, e como tenho um cliente lá aproveitei o custo zero para levar minhas canoplas. Entreguei a minha mercadoria e tive que esperar quase que o dia inteiro o caminhão ser carregado com os moldes. Na volta, já na estrada, a carga começou a cair. Tivemos que parar no acostamento, estávamos só eu e o motorista quando me vi, ajudando-o a arrumar a carga. Tive que me expor para os outros carros que passavam na rodovia, já que a minha função era puxar a corda enquanto o motorista arrumava aqueles moldes enormes em cima do caminha. Foi hilário, os caminhoneiros que passavam buzinavam, gritavam e eu de bermuda, com as pernocas expostas, puxando aquela corda, fazendo uma força descomunal.
Agora vou resmungar um pouco: penso que é demais, é muita coisa pra uma pessoa só. Questiono-me se estou maluca e o pior, se estou fazendo as coisas direito, se não estou acumulando muitas funções e no final fazendo tudo errado! Gostaria de ter mais tempo para meditar, de ter mais tempo para cuidar das plantas e de mim mesma, ir ao cabeleireiro, fazer as unhas, essas coisas que toda mulher faz e que faz um bem doido. Ah e ainda ter tempo para olhar ao meu redor, como diz uma amiga, “Você não tem namorado porque não olha ao seu redor”. Mas não tenho muito tempo pra olhar ao redor, o pouco tempo que resta é para assistir um bom filme ler um bom livro, escrever aqui e conversar , que eu adoro, com os amigos queridos. Será que ser polivalente é um grande erro? Acho que não, porque é uma questão de sobrevivência. Mas mesmo sabendo que preciso sobreviver com dignidade, com alguns luxos talvez, às vezes me pego pensando, será que estou fazendo tudo errado?????
Igualzinho me foi ensinado, sentei-me confortavelmente, com as pernas cruzadas, a mão esquerda pousada delicadamente acima da mão direita, e os dedos polegares se tocando levemente. Consegui alguns minutos de meditação, fiquei atenta à respiração nasal, aos barulhos externos, ao ambiente e aos sons. Ôba , se isso é meditar eu consegui! ( eu sou ansiosa e meditar melhora muito a ansiedade, até os médicos mais céticos estão indicando). Mas definitivamente não dá pra ficar por muito tempo em estado meditativo, os pensamento relacionados aos afazeres do dia, involuntariamente tomaram conta da minha cabeça e puf, a meditação fugiu pra dar lugar aos pensamentos práticos, as responsabilidades . Preciso acabar o jornal da Cooperativa, pensei. E lá fui eu correr contra o tempo para entregar no prazo estabelecido, o jornal mensal que faço para a cooperativa de leite da região de Mococa. Faço esse trabalho na minha casa, onde eu também cuido do jardim, que é imenso, lavo e passo roupas, cozinho às vezes, e arrumo a minha bagunça e do meu filho mais novo. Pela tarde dedico meu tempo ao trabalho no clube, onde presto uma assessoria de comunicação e marketing. Lá fazemos uma revista eu e meu companheiro de trabalho Flávio. Ainda faço captação de patrocínio, o endomarketing e também produção e divulgação de eventos na mídia, além de alimentar o site do clube com algumas notícias.
Uma vez por semana pela manhã, estou trabalhando com idosos em uma clínica particular. Para eles eu conto histórias, converso e tento arrancar as histórias da vida deles, o que não é fácil, já que a maioria dos moradores do lugar está bastante debilitada. Depois que comecei esse trabalho torço todos os dias para ter uma boa morte, daquelas vapt vupt, onde não se fica debilitado ou encarcerado numa cama ou cadeiras de rodas absolutamente dependente. Apesar de eles serem uns fôfos e de me inspirarem amor e compaixão é realmente, muito, muito triste!
Agora para engrossar a renda mensal estou me metendo em um novo e promissor negócio. Vendo canoplas de papelão reciclado para fábricas de piscinas de fibra. Muito engraçado porque muitas vezes tenho que viajar de caminhão, ora pra buscar os tubos que eu compro em outra cidade de uns catadores de lixo- todos velhinhos também- ora pra entregar para as fábricas. Outro dia, aproveitei um frete que ia vazio para Artur Nogueira buscar uns moldes de caixa d’água, e como tenho um cliente lá aproveitei o custo zero para levar minhas canoplas. Entreguei a minha mercadoria e tive que esperar quase que o dia inteiro o caminhão ser carregado com os moldes. Na volta, já na estrada, a carga começou a cair. Tivemos que parar no acostamento, estávamos só eu e o motorista quando me vi, ajudando-o a arrumar a carga. Tive que me expor para os outros carros que passavam na rodovia, já que a minha função era puxar a corda enquanto o motorista arrumava aqueles moldes enormes em cima do caminha. Foi hilário, os caminhoneiros que passavam buzinavam, gritavam e eu de bermuda, com as pernocas expostas, puxando aquela corda, fazendo uma força descomunal.
Agora vou resmungar um pouco: penso que é demais, é muita coisa pra uma pessoa só. Questiono-me se estou maluca e o pior, se estou fazendo as coisas direito, se não estou acumulando muitas funções e no final fazendo tudo errado! Gostaria de ter mais tempo para meditar, de ter mais tempo para cuidar das plantas e de mim mesma, ir ao cabeleireiro, fazer as unhas, essas coisas que toda mulher faz e que faz um bem doido. Ah e ainda ter tempo para olhar ao meu redor, como diz uma amiga, “Você não tem namorado porque não olha ao seu redor”. Mas não tenho muito tempo pra olhar ao redor, o pouco tempo que resta é para assistir um bom filme ler um bom livro, escrever aqui e conversar , que eu adoro, com os amigos queridos. Será que ser polivalente é um grande erro? Acho que não, porque é uma questão de sobrevivência. Mas mesmo sabendo que preciso sobreviver com dignidade, com alguns luxos talvez, às vezes me pego pensando, será que estou fazendo tudo errado?????
quinta-feira, 29 de abril de 2010
" Papai do céu me dá um namorado, lindo, fiel gentil e tarado" Rita Lee
Já tem um tempão que não me relaciono com alguém, tipo ter um namorado, um parceiro. Estou aqui tentando lembrar quanto tempo faz, mas sei lá, faz tempo. Às vezes as sombras das relações passadas, algumas meio mal resolvidas, me perseguem e isso me incomodado bastante. Será que é por isso que não aparece ninguém? Já fiz um pouco de tudo, já pedi perdão a mim mesmo, pelas minhas palavras, minhas atitudes desesperadas, minha insanidade. Faz tempo como eu já disse, é tudo meio nebuloso, mas acho que eu poderia ter sido mais civilizada, menos agressiva ao final da minha ultima relação duradoura.
Gostaria imensamente de ter tido uma postura indefectível, mas sou humana e pisei no tomate, perdi a compostura, xinguei a pessoa, fiquei inconformada!
Seria ótimo ser essa mulher forte, descolada e esperta que todos acham que sou e que com certeza minha imagem passa, mas não sou definitivamente. Sofro choro me descabelo com o amor não correspondido, com o fim de uma relação, que eu, acreditava que seria eterna. Acho que sou romântica.
Acho bem bom quando me torno amiga do ex. Quando isso acontece com a pessoa com quem tive uma relação de amor e doação no passado, tudo fica mais fácil de ser compreendido e digerido. A amizade de certa forma dissipa as más impressões e ajuda na compreensão da relação e de eu mesma. Mas essa amizade precisa de tempo. Acontece comigo apenas quando a dor passa, aí vem uma certa maturidade, uma compreensão providencial, que não tenho quando termino um casamento, ou um namoro. Não sou amiga do meu ultimo ex. Será que é por isso que nada acontece ?
Será que estou espantando os possíveis candidatos, com essa questão meio pendente? Ou eles não existem mesmo? Acho que para todos os solteiros a vida não anda fácil, as pessoas estão cada vez mais egoístas e centradas em si mesmas, cheias de vaidades, bem chatas!
Às vezes penso, para ver se não desanimo de vez, no que dizia minha mãe “ Há sempre uma tampa pra uma panela velha”, kkkkk.
Ultimamente o que tem me incomodado é uma certa falta de poesia, de romantismo. Mas, ao mesmo tempo, penso que isso tem que passar,sou um pouco otimista comigo mesma. Olhando a minha volta, percebo que homens e mulheres não querem se relacionar na verdade, querem prazer aqui e agora, e isso é tão ínfimo, tão vazio. Não sei, penso que as relações atuais estão mesmo muito materializadas, os homens querem bunda, peito, corpão e a mulherada quer grana. Oro para que meus filhos sejam diferentes.
Então para me transformar em um objeto de prazer alheio são dois segundos. Homens para “ dar uma” não é difícil achar. Prefiro estar atenta e me conter, se não a cabeça depois tende a padecer. Tenho tentado me manter equilibrada apesar de alguns deslizes.
Contrária às estatísticas, prefiro acreditar que existam pessoas reais, que pensam e agem em parte com o coração. Pensando bem acredito que o universo tem me protegido, me poupando de relações indesejadas.
E apesar de sonhar com cara ideal, bacana, de cabeça boa, generoso e gostoso, que nunca vem, tento diariamente seguir minha vida com alegria e serenidade, cercada pelos meus filhos, meus amigos, meus livros e plantas que no final me fazem extremamente feliz.
Gostaria imensamente de ter tido uma postura indefectível, mas sou humana e pisei no tomate, perdi a compostura, xinguei a pessoa, fiquei inconformada!
Seria ótimo ser essa mulher forte, descolada e esperta que todos acham que sou e que com certeza minha imagem passa, mas não sou definitivamente. Sofro choro me descabelo com o amor não correspondido, com o fim de uma relação, que eu, acreditava que seria eterna. Acho que sou romântica.
Acho bem bom quando me torno amiga do ex. Quando isso acontece com a pessoa com quem tive uma relação de amor e doação no passado, tudo fica mais fácil de ser compreendido e digerido. A amizade de certa forma dissipa as más impressões e ajuda na compreensão da relação e de eu mesma. Mas essa amizade precisa de tempo. Acontece comigo apenas quando a dor passa, aí vem uma certa maturidade, uma compreensão providencial, que não tenho quando termino um casamento, ou um namoro. Não sou amiga do meu ultimo ex. Será que é por isso que nada acontece ?
Será que estou espantando os possíveis candidatos, com essa questão meio pendente? Ou eles não existem mesmo? Acho que para todos os solteiros a vida não anda fácil, as pessoas estão cada vez mais egoístas e centradas em si mesmas, cheias de vaidades, bem chatas!
Às vezes penso, para ver se não desanimo de vez, no que dizia minha mãe “ Há sempre uma tampa pra uma panela velha”, kkkkk.
Ultimamente o que tem me incomodado é uma certa falta de poesia, de romantismo. Mas, ao mesmo tempo, penso que isso tem que passar,sou um pouco otimista comigo mesma. Olhando a minha volta, percebo que homens e mulheres não querem se relacionar na verdade, querem prazer aqui e agora, e isso é tão ínfimo, tão vazio. Não sei, penso que as relações atuais estão mesmo muito materializadas, os homens querem bunda, peito, corpão e a mulherada quer grana. Oro para que meus filhos sejam diferentes.
Então para me transformar em um objeto de prazer alheio são dois segundos. Homens para “ dar uma” não é difícil achar. Prefiro estar atenta e me conter, se não a cabeça depois tende a padecer. Tenho tentado me manter equilibrada apesar de alguns deslizes.
Contrária às estatísticas, prefiro acreditar que existam pessoas reais, que pensam e agem em parte com o coração. Pensando bem acredito que o universo tem me protegido, me poupando de relações indesejadas.
E apesar de sonhar com cara ideal, bacana, de cabeça boa, generoso e gostoso, que nunca vem, tento diariamente seguir minha vida com alegria e serenidade, cercada pelos meus filhos, meus amigos, meus livros e plantas que no final me fazem extremamente feliz.
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